Casos de gripe estão a aumentar. Crianças e jovens mais afectados

Noutros países europeus, o subtipo de vírus predominante faz prever um maior impacto entre os mais velhos. O centro Europeu para Controlo de Doenças já alertou para um previsível aumento da mortalidade.

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Joana Goncalves

A epidemia de gripe continua em fase crescente em Portugal e as previsões da Direcção-Geral da Saúde (DGS), que há uma semana perspectivou que o pico da epidemia ocorrerá numa fase mais precoce, em pleno fim deste ano e início do próximo, deverão confirmar-se. Para já, as crianças e jovens estão a ser os grupos mais afectados, ao contrário do que está a acontecer noutros países da Europa, onde o tipo de vírus predominante é diferente do que está a circular com maior frequência em Portugal.

O último boletim de vigilância epidemiológica de síndrome gripal divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (Insa) e referente ao período entre os dias 9 e 15 deste mês (semana 50) confirma que o “padrão temporal” da epidemia de gripe é “mais precoce” este ano do que o habitual e que o número de consultas manteve tendência crescente, em especial no grupo etário dos seis aos 18 anos.

A boa notícia para Portugal é a de que, por enquanto, o subtipo de vírus predominante é o B e não o A (H3N2), como está a acontecer noutros países da Europa, situação que já levou o Centro Europeu para Controlo de Doenças e Prevenção (ECDC, siglas em inglês), em conjunto com a delegação para a Europa da Organização Mundial de Saúde, a alertar para o problema de este tipo de vírus da gripe habitualmente estar associado a uma mortalidade elevada nos idosos e, por isso, ter um grande impacto nos sistemas de saúde.

Há uma semana, a DGS antecipou que o pico da epidemia de gripe será atingido entre a última semana deste ano e a primeira de 2020 e os dados mais recentes indicam que, apesar de continuar a apresentar “baixa intensidade”, a tendência é crescente.

“Na semana 50/2019, o número de consultas por síndrome gripal registadas em cuidados de saúde primários regista uma tendência crescente. O grupo etário dos 6 aos 18 anos é aquele que apresenta maior intensidade do número de consultas por síndrome gripal, seguido dos grupos etários 19-64 anos e 0-5 anos”, explicita o Insa.

Dois doentes tiveram que ser internados em unidades de cuidados intensivos, e, dos três internados em enfermarias, todos eram crianças e nenhuma das duas que tinham recomendação para vacinação estava vacinada, frisa o Insa.

Nesta fase da epidemia, a situação noutros países europeus, onde o subtipo de vírus predominante tem sido o A(H3N2), motivou o alerta efectuado na quarta-feira pelo ECDC e a delegação regional da OMS. “Recomendamos de forma intensa aos países que continuem a focar os esforços de vacinação nos mais velhos e outros grupos populacionais, como indivíduos com problemas cardíacos e respiratórios”, sublinhou Pasi Penttinem, responsável pelo programa da vigilância da epidemia de gripe e outros vírus respiratórios no ECDC. “Ainda é cedo para prever a forma como a epidemia irá evoluir em termos de pico, severidade e duração”, acentuou. “No entanto, tudo indica que em alguns países o pico irá ocorrer no meio das férias de Natal e ano novo, quando a resposta dos serviços de saúde é mais reduzida”, acrescentou.

Segundo o último relatório do ECDC, na semana anterior a esta, dos 46 países que enviaram dados, 34 reportaram já actividade gripal de baixa intensidade e dois de média intensidade. Por enquanto, a mortalidade por todas as causas continua com valores de acordo com o esperado para esta época do ano.

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