Estado investe 11 milhões na vacina da gripe

O custo com a aquisição de vacinas para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) mais do que duplicou, passando de 4,8 milhões para 11 milhões de euros. Este ano a vacina contempla quatro estirpes do vírus da gripe.

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Marco Duarte

A época da vacinação contra a gripe arranca esta segunda-feira. O país vai ter mais de dois milhões de doses disponíveis, entre centros de saúde e farmácias. Este ano a vacina é tetravalente, ou seja, contempla quatro estirpes de vírus da gripe. Mais protecção significará maior investimento. O custo com a aquisição de vacinas para o Serviço Nacional de Saúde (SNS) mais do que duplicou, passando de 4,8 milhões para 11 milhões de euros.

“A vacinação tem início segunda-feira e a grande maioria dos pontos de vacinação, que são centenas, já terão vacinas disponíveis. E também chega às farmácias. São um milhão e 400 mil doses no SNS, para administração gratuita, e nas farmácias prevê-se que venham a existir mais de 600 mil doses de vacinas, que são comparticipadas a 37% mediante receita médica. No total, o país vai ter mais de dois milhões de doses de vacinas”, disse esta sexta-feira a directora-geral da Saúde à margem de um encontro sobre a vigilância da gripe no Instituto Nacional Ricardo Jorge (Insa).

Este ano, a vacina que vai ser dada gratuitamente nos centros de saúde aos grupos de risco, como a que vai estar à venda nas farmácias é tetravalente. Ou seja, contempla mais uma estirpe dos vírus da gripe - além das três que já contemplava antes e - que se deverá traduzir em maior protecção. “Até este ano, a indústria farmacêutica só conseguia colocar três componentes dentro da vacina. Este ano, conseguiu colocar uma nova estirpe. Tornou a vacina mais abrangente e melhorou a probabilidade de o conteúdo da vacina coincidir com os vírus a circular.”

“A expectativa é que esta vacina seja mais efectiva. O Estado investiu muito para este suposto ganho em saúde. No ano passado, para o SNS pagámos 4,8 milhões de euros. Para termos o mesmo número de vacinas este ano, o investimento é na ordem dos 11,3 milhões de euros”, adiantou Graça Freitas. Através do laboratório do Insa, e das redes sentinela nacionais e internacionais, a Direcção-Geral da Saúde vai acompanhar a evolução da gripe e os benefícios que a nova vacina pode trazer. E que se espera que sejam “menos casos de gripe, gripe menos grave, menos internamentos e menos mortes”.

Portugal entre os melhores

Graça Freitas adiantou que “Portugal está entre os melhores países na vacinação contra a gripe”. “O patamar de vacinar pelo menos 65% das pessoas com 65 ou mais anos já foi atingido. Queremos manter e de preferência a aumentar”, disse a directora-geral da saúde, recordando que os grupos de risco que beneficiam da vacinação gratuita incluem também pessoas institucionalizadas, profissionais que prestam cuidados a doentes, e doentes crónicos como diabéticos ou pessoas com doenças respiratórias. Embora não façam parte do grupo de acesso gratuito à vacina, Graça Freitas deixa um apelo às grávidas para que se vacinem.

Ainda não é possível prever como será esta época gripal. A passada foi classificada como moderada, por ter em média menos de 60 casos por 100 mil habitantes. O pico da gripe aconteceu na terceira semana de Janeiro. “O Inverno é a estação mais agressiva. Em todo o mundo morre-se e adoece-se mais do que nos meses moderados”, disse Graça Freitas apelando à vacinação.

Questionada sobre se os centros de saúde e os hospitais estarão preparados para fazer face à época gripal, Graça Freitas lembrou que em “epidemias muito intensas, com muitos casos concentrados em pouco tempo, não há como responder”. “Essas épocas não são frequentes. Temos de estar preparados, os hospitais e os centros de saúde têm os planos de contingência e sabem o que pode acontecer na época gripal. Esperemos que na altura tenham a capacidade de dar resposta a uma afluência que é obrigatoriamente maior”, disse.

Fernando de Almeida, presidente do conselho directivo do Insa, que a última época gripal “foi moderada”, o que significa que “a prevalência não ultrapassou em média os 60 casos por 100 mil”. “O que não quer dizer que não existam picos. Há um pico claro na terceira semana de Janeiro”, apontou.

Referindo que “há sempre um excesso de mortalidade”, salientou que “o mais importante é perceber se foram evitadas ou não muito mais mortes do que as que aconteceriam se não tivéssemos feito nada”. “Todos sabemos que há populações vulneráveis, porque têm doenças crónicas, e se associarmos a gripe e se houver muito frio há um excesso de mortalidade, porque as pessoas descompensam”, explicou.

Fernando de Almeida também apelou à vacinação, afirmando que se as pessoas “fizerem a vacina, sobretudo os grupos mais vulneráveis e as que trabalham em locais de maior risco de transmissão, estão mais protegidas do que as outras”. Além de quebrar cadeia de transmissão do vírus. “A vacina é só um meio de protecção individual, mas também colectivo”, apontou.

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