Abrandamento no terceiro trimestre não ameaça meta de crescimento anual

Crescimento trimestral em Portugal baixou para 0,3%, com a economia a dar sinais de um impacto negativo da deterioração da conjuntura internacional. Crescimento anual de 1,9% é possível.

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Nelson Garrido

Depois de um Verão em que obteve um desempenho em contra-ciclo com o abrandamento europeu, a economia portuguesa não conseguiu, no terceiro trimestre deste ano, escapar ao impacto negativo da deterioração da conjuntura internacional.

De acordo com a estimativa rápida das contas nacionais publicada esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o PIB cresceu 0,3% durante o período de Julho a Setembro deste ano, uma desaceleração face à variação de 0,6% que tinha sido registada no segundo trimestre do ano. O crescimento de 0,3% em cadeia (a 22ª variação positiva do PIB consecutiva) é o mais baixo desde o segundo trimestre de 2016. A variação homóloga do PIB, por sua vez, manteve-se nos 1,9%.

Apesar do abrandamento, a previsão do Governo para o crescimento no total do ano não está ameaçada. De acordo com os cálculos feitos pelo PÚBLICO, se a economia portuguesa mantiver o mesmo ritmo agora registado e repetir um crescimento em cadeia de 0,3% durante o último trimestre do ano, a variação anual do PIB em 2019 será de 1,9%, precisamente o valor previsto pelo Governo. Para se poder atingir o crescimento de 2% em 2019 (valor recentemente previsto pela Comissão Europeia), já seria necessário que a economia acelerasse nos últimos três meses do ano, registando um crescimento em cadeia de 0,5%. 

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Em contrapartida, num cenário mais negativo em que a economia portuguesa estagnasse no quarto trimestre do ano, com uma variação em cadeia do PIB nula, a taxa de crescimento anual em 2019 passaria a ser de 1,8%.

O menor ritmo de crescimento registado no terceiro trimestre ocorre numa altura em que, um pouco por toda a Europa, é possível verificar uma deterioração da conjuntura. Ao explicar a redução da variação trimestral do PIB de 0,6% para 0,3%, o INE destaca “o contributo negativo mais intenso da procura externa líquida”, assinalando ainda assim a existência de um “contributo positivo da procura interna”. Os dados publicados esta quinta-feira não contêm ainda detalhes sobre a variação das diversas componentes do PIB, mas o que parece claro é que as relações com o exterior não ajudam, mas o comportamento da procura interna compensam parcialmente o efeito negativo da conjuntura internacional.

Numa reacção aos números publicados pelo INE, o Ministério das Finanças emitiu um comunicado em que assinala que Portugal reforça “a trajectória de convergência face à Europa que perdura já há mais de dois anos e manifesta resiliência relativamente à degradação do ambiente macroeconómico externo que tem marcado os trimestres mais recentes”.

De facto, a nível europeu, o ritmo de crescimento manteve-se a um nível lento. De acordo com os dados publicados também esta quinta-feira pelo Eurostat, a variação em cadeia do PIB da zona euro foi de 0,2%, precisamente o mesmo valor registado no segundo trimestre. A variação homóloga também se manteve estável, nos 1,2%. O cenário nas maiores economias europeias foi em geral de uma estabilização do crescimento a um nível bastante moderado. A França a crescer 0,3%, a Itália 0,1% e a Espanha 0,4%. A economia alemã, a maior da zona euro, conseguiu, depois de uma contracção de 0,2% no segundo trimestre, uma variação do PIB de 0,1%.

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