Filho de Bolsonaro defende aplicação de leis repressoras da ditadura “se a esquerda se radicalizar”

Eduardo Bolsonaro disse que “se a esquerda se radicalizar será necessário aplicar o AI-5”, um pacote de medidas que deu início aos “anos de chumbo” da ditadura.

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Eduardo Bolsonaro é o filho mais novo do Presidente brasileiro Reuters/Adriano Machado

O deputado federal brasileiro, Eduardo Bolsonaro, filho mais novo do Presidente Jair Bolsonaro, afirmou que “se a esquerda se radicalizar” torna-se necessário aplicar o AI-5, um conjunto de medidas de excepção implementadas durante a Ditadura Militar (1964-85) que abriram caminho aos chamados “anos de chumbo”, o período mais repressivo do regime. 

Não é a primeira vez que o deputado federal defende medidas autoritárias, mas nunca tinha referido abertamente o AI-5, o Acto Institucional 5, que ainda hoje tem uma forte ressonância junto da sociedade brasileira e é sinónimo do encerramento do Congresso Nacional, repressão, censura e perseguição política. O diploma foi aprovado em 1968, numa altura em que os militares eram contestados por alguns sectores políticos. Sob o pretexto de combaterem guerrilhas comunistas, as novas leis ampliaram os poderes do Governo, permitiram o encerramento do Congresso, a censura prévia à imprensa e suspenderam direitos civis de quem fosse considerado subversivo.

Eduardo Bolsonaro queixava-se da forma como o pai é apresentado como o culpado de todos os problemas do Brasil, durante uma entrevista à jornalista Leda Nagle, que tem um canal no YouTube. 

“Tudo é culpa do Bolsonaro. Fogo na Amazónia, que sempre ocorre nessa estação, culpa do Bolsonaro. Petróleo no Nordeste, culpa do Bolsonaro. Daqui a pouco vai passar esse petróleo, tudo vai ficar limpo e aí vai vir uma outra coisa, qualquer coisa e será culpa do Bolsonaro”, afirmou o deputado. “Se a esquerda radicalizar nesse ponto, a gente vai precisar de uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito”.

“Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual ao final dos anos 60 no Brasil, quando sequestravam aeronaves, executavam e sequestravam grandes autoridades, cônsules, embaixadores, execução de policiais, militares”, afirmou Eduardo Bolsonaro.

Bolsonaro acrescentou em seguida que “o que faz um país forte não é um Estado forte, mas sim indivíduos fortes”.

Até à sua abolição, em 1978, ao abrigo do AI-5 foram assassinados e torturados muitos opositores do regime. Bolsonaro e os seus filhos são fortes defensores da herança da Ditadura Militar, que rejeitam ter sido um período de violência patrocinada pelo Estado, mas sim uma necessidade para travar uma iminente “revolução comunista”.

Uma das declarações mais polémicas de Eduardo Bolsonaro tornou-se conhecida durante a campanha eleitoral do ano passado, quando sugeriu o encerramento do Supremo Tribunal Federal caso fosse tomada alguma decisão que prejudicasse a candidatura do pai à presidência. Na semana passada, o deputado tornou-se o líder parlamentar do Partido Social Liberal.

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