O “mayor Pete” continua a subir nas sondagens e já ameaça Joe Biden no Iowa

Pete Buttigieg é o mais jovem candidato nas eleições primárias do Partido Democrata e é o primeiro na história do partido a assumir a sua homossexualidade. Sem Biden na corrida, estaria bem posicionado para liderar a ala centrista contra os progressistas.

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A pouco mais de três meses do arranque das eleições primárias no Partido Democrata, que vão decidir quem vai enfrentar Donald Trump nas presidenciais de 2020, há um candidato até agora pouco conhecido que começa a furar nas sondagens e a chegar-se ao grupo dos mais consagrados.

Há poucas semanas, o nome Pete Buttigieg era impronunciável fora dos limites da cidade de South Bend, no estado do Indiana, onde os eleitores o escolheram para presidente da câmara em 2012. (Buttigieg diz-se ‘Boot-edge-edge’, de acordo com o próprio candidato, que é filho de um imigrante maltês.)

E o seu perfil não é o mais comum entre os candidatos à Casa Branca: aos 37 anos, Buttigieg é o mais jovem a concorrer à nomeação pelo Partido Democrata, e é o primeiro na história do partido a fazê-lo assumindo publicamente que é homossexual (é o segundo em ambos os partidos, depois do republicano Fred Karger, em 2012). É casado desde Junho de 2018 com Chasten Glezman, um professor do ensino secundário que tem surgido ao seu lado nos bastidores dos debates televisivos.

Mas esse relativo anonimato a nível nacional, que em tempos também lançou para o estrelato figuras como Bill Clinton ou Barack Obama, parece estar a mudar. Numa sondagem da Universidade de Suffolk, em Boston, publicada esta segunda-feira pelo jornal USA Today, o “mayor Pete” (como ele se costuma apresentar a quem não o conhece) surge em terceiro lugar no importante estado do Iowa – o primeiro a ir a votos e onde é habitual forjarem-se novas estrelas e enterrarem-se sonhos antigos.

A sondagem da Suffolk e do USA Today é importante porque surge já depois do debate televisivo da semana passada, em que os candidatos centristas (como Buttigieg e a senadora Amy Klobuchar) tentaram aplicar o rótulo de radicais aos grandes nomes da ala progressista, como Elizabeth Warren ou Bernie Sanders.

E é relevante porque foram ouvidos 500 eleitores inscritos no Partido Democrata que admitem participar no caucus no Iowa – um método de escolha mais complicado e mais moroso do que as tradicionais eleições primárias, que implica a presença dos eleitores nos locais de voto durante várias horas, em tardes e noites muito frias do início do ano.

De acordo com a mais recente sondagem, Joe Biden e Elizabeth Warren lideram no Iowa com 18% e 17%, mas Pete Buttigieg dá um salto por cima de Bernie Sanders e chega-se à frente do grupo que persegue os favoritos, com 13%.

O senador do Vermont mantém-se nos 9% em relação à sondagem anterior, e mais lá para baixo ninguém ultrapassa os 3%, incluindo a senadora Kamala Harris, que chegou a ser vista como a mais provável candidata a ser a grande surpresa da campanha.

No total nacional, segundo a média das várias sondagens publicadas no site RealClearPolitics, Joe Biden continua a liderar com quase 30% e Buttigieg ainda não chega aos dois dígitos, mas é preciso não perder de vista que a corrida no Partido Democrata está dividida entre dois caminhos – as propostas centristas e moderadas de Biden, e as promessas mais à esquerda de Warren ou Sanders.

O que as sondagens começam a indicar é que o eleitorado moderado ou conservador do Partido Democrata, que ainda representa metade do partido, poderá ter de escolher outro candidato da ala centrista se Joe Biden se vir forçado a sair da corrida, antes ou durante as eleições primárias – e, nesse caso, Pete Buttigieg começa a surgir como uma alternativa cada vez mais forte.

Se isso acontecer, é possível que a luta no Partido Democrata venha a culminar num tira-teimas entre progressistas e centristas – e se Biden não estiver lá, Pete Buttigieg pode tornar-se na grande surpresa das primárias e desafiar as expectativas.

Ainda é cedo para se dizer se as estrelas que eram vistas como as favoritas à nomeação no Partido Democrata, como Joe Biden ou Bernie Sanders, vão mesmo perder força à medida que as eleições primárias avançam. Mas quanto mais tempo Biden tiver de passar a explicar que nem ele nem o seu filho, Hunter Biden, estão envolvidos em casos de corrupção na Ucrânia; e quanto mais tempo Sanders tiver de passar a afastar os receios de que o ataque cardíaco sofrido no início do mês não vai limitar a sua acção como Presidente, mais hipóteses têm candidatos como Elizabeth Warren e Pete Buttigieg.

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