Quedas de Biden e Sanders nas sondagens dão fôlego a Elizabeth Warren

O envolvimento do nome do ex-vice-presidente Joe Biden num caso complicado, que deverá arrastar-se por vários meses, pode obrigá-lo a desviar a atenção da campanha, o que pode ser aproveitado pela senadora democrata na campanha das primárias para as presidenciais de 2020.

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Elizabeth Warren uma das faces da ala mais à esquerda do Partido Democrata, quase alcançou Biden Mike Blake/REUTERS

Joe Biden, há muito considerado o favorito à nomeação como candidato do Partido Democrata para enfrentar Donald Trump nas eleições de 2020, tem perdido terreno nessa corrida para a senadora Elizabeth Warren. Em duas semanas, a vantagem do representante da ala centrista caiu de nove pontos para dois, num sinal de que os ataques do Presidente Trump e a ligação do seu nome à política ucraniana podem afastar apoiantes.

Segundo a média das sondagens, publicada no site RealClearPolitics, Biden tem agora 26,2% das preferências dos eleitores do Partido Democrata, descendo de 30,3% a 23 de Setembro — um dia antes do arranque formal das investigações que têm como objectivo a abertura de um processo de destituição contra o Presidente Trump. Em sentido contrário, a senadora Warren, uma das faces da ala mais à esquerda do Partido Democrata, subiu de 19,2% para 24% no mesmo período — em Maio, a diferença entre os dois candidatos chegou a ser de 33 pontos.

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A outra figura da ala progressista do Partido Democrata, Bernie Sanders, surge em terceiro lugar com 16,8%, e é possível que a sua hospitalização, na terça-feira, leve alguns apoiantes a repensarem as escolhas — e, se isso acontecer, é provável que a mais beneficiada seja Warren, oriunda de uma área política mais próxima da de Sanders.

“O facto de quatro em cada dez independentes estarem inclinados a acreditar no que Trump disse é um sinal de aviso para a campanha de Biden”, disse Patrick Murray, director do instituto de sondagens da Universidade Monmouth, que já põe Elizabeth Warren à frente de Joe Biden. “A forma como o candidato lutar contra esses ataques será crucial para os seus argumentos a favor da nomeação.”

Sempre que os media norte-americanos falam sobre o processo de destituição do Presidente Trump, têm também de falar sobre o que motivou essa decisão do Partido Democrata: a acusação de Trump, nunca confirmada pelas autoridades ucranianas, de que Joe Biden pressionou o Governo de Kiev a despedir um procurador-geral para que ele não investigasse a empresa em que o seu filho trabalhava. Apesar de Biden garantir que não foi esse o motivo da sua pressão sobre o Governo ucraniano, o envolvimento do seu nome num caso complicado, que deverá arrastar-se por vários meses, pode obrigá-lo a desviar a atenção da campanha, o que pode ser aproveitado por Elizabeth Warren.

Mas  não é certo que a candidatura de Biden esteja condenada a perder cada vez mais apoio: “É provável que muitos dos democratas que dizem que Biden pressionou a Ucrânia nunca iriam ser seus apoiantes”, disse o director do instituto de sondagens da Universidade Monmouth.

Por outro lado, se os apoiantes de Bernie Sanders se unirem à volta de Elizabeth Warren em algum ponto da campanha ou durante as primárias, a ala mais progressista terá uma forte possibilidade de ver um dos seus candidatos a enfrentar Donald Trump em Novembro de 2020.

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