Casa Branca engana-se e revela estratégia de crise a democratas

A equipa de Donald Trump enviou por engano um e-mail com os argumentos que os seus aliados deveriam usar quando se referissem ao telefonema entre o Presidente norte-americano e o ucraniano.

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A Casa Branca diz que conversa entre Trump e Zelenskii foi "completamente apropriada" Reuters/JONATHAN ERNST

Nunca se mostra as cartas ao adversário, mas foi isso mesmo que a Casa Branca fez esta quarta-feira. A equipa do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enganou-se e enviou um e-mail a congressistas democratas com os argumentos que sustentam a sua estratégia para lidar com o escândalo da conversa com o Presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

A Casa Branca ainda tentou cancelar o envio do e-mail, mas sem sucesso. E nas redes sociais não faltaram democratas a fazer piadas sobre o sucedido, com outros tantos a denunciarem o que dizem ser “mentiras orwellianas”. “São completas mentiras orwellianas e lixo tóxico, mas talvez as queiram ler para apreciar a corrupção. Talvez seja necessário um fato anti-radiação”, comentou no Twitter Bill Pascrell Jr., congressista democrata por Nova Jérsia.

“Gostaria de agradecer à Casa Branca por me enviarem os pontos sobre como melhor ultrapassar o desastroso telefonema Trump/Zelensky”, escreveu no Twitter o congressista democrata Brendan Boyle. “No entanto, não os irei usar. Vou-me limitar-me à verdade. Mas muito obrigado”.

O e-mail intitulava-se “O que precisa de saber: a conversa entre o Presidente Trump e o Presidente Zelensky” e apresentava os argumentos que os aliados da Casa Branca deveriam usar para proteger o chefe de Estado norte-americano. O correio electrónico tecia uma linha entre mitos e factos e reiterava que a conversa entre os dois chefes de Estado foi “completamente apropriada”, argumentando que Trump não “procurou ‘interferência’ externa em eleições norte-americanas”.

O Presidente, continua o e-mail, apenas referiu Joe Biden, ex-vice-presidente de Barack Obama e o candidato democrata melhor colocado nas primárias democratas, depois de Zelensky o fazer. Porém, o resumo oficial da conversa diz o contrário: foi Trump quem começou a falar de Biden e até sugeriu que o chefe de Estado ucraniano entrasse em contacto com o procurador-geral, William P. Barr, ou com o seu advogado pessoal, Rudolph W. Giuliani.

Além disso, o e-mail aponta baterias ao denunciante ao contestar que a denúncia foi feita “no sentido estrito do protocolo” e aos democratas, media e “Estado profundo” – o aparelho de Estado que o quer afastar do cargo ao sabotá-lo, segundo Trump – por prejudicarem a “segurança nacional divulgando documentos confidenciais para obterem ganhos políticos”. 

Nos últimos dias, a Casa Branca tem levado a cabo uma estratégia nos órgãos de comunicação social conservadores, entre os quais a Fox News, para descredibilizar o denunciante acusando-o de ser “politicamente parcial”, diz o Guardian.

A Presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, anunciou esta semana que os democratas vão avançar com o processo de destituição de Donald Trump. Os democratas detêm a maioria na câmara baixa do Congresso (235 contra 198 republicanos), mas os republicanos controlam o Senado (53 contra 45 democratas), o que faz com que a destituição seja bastante improvável.

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