E ficámos ali os dois a beber cerveja

Sangue e suor sem lágrimas. Sémen e solidão. Merda e melancolia.

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Quando a autoficção ainda não tinha nome, já Bukowski não fazia outra coisa senão escrever sobre si mesmo e a sua decadência altiva Ulf Andersen/Getty Images

O presente volume é uma “selecção de cerca de catorze meses de crónicas” publicadas no Open City, um semanário efémero da contracultura californiana. Foram recolhidas em volume em 1969. Nessa altura, o “dirty old man” do título não completara ainda meio século de vida e, embora tivesse publicado alguns livros de poemas, a sua carreira de ficcionista, que haveria de condecorá-lo com a fama e fazer dele um marginal de sucesso, estava ainda no início. Os leitores de Mulheres, A Sul de Nenhum Norte e Histórias de Loucura Normal reconhecerão, porém, nestas Notas de Um Velho Nojento, a substância de Charles Bukowski (1920-1994), que até então se ocupara em coisas mais urgentes e vitais: o sexo, o álcool, empregos precários e desqualificados, a sobrevivência a uma infância pouco idílica, e o sexo e o álcool outra vez. Onde está sexo, leia-se “rata”. Quanto à forma (a comodidade da convenção é irresistível), poderíamos afirmar que os seus limites – entre a parangona escandalosa e provocatória e o lirismo selvagem e popular – estavam já prefigurados nos títulos de dois livros de poemas desses anos 60 do século passado: Poems Written Before Jumping Out of an 8 Story Window e The Days Run Away Like Wild Horses Over the Hills.

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