Falas de anjos sombrios

Cinco textos dramáticos e um posfácio: histórias de “princesas” que tentam lutar e afirmar a sua liberdade.

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A escrita feroz,e por vezes cruel, sempre foi a sua imagem de marca de Elfriede Jelinek Karine Rocholl

Quando em 2004 a Academia Sueca atribuiu o Nobel de literatura à dramaturga e escritora austríaca Elfriede Jelinek (n. 1946), sublinhou o facto de as suas obras revelarem “o absurdo dos clichés da sociedade”. A sua escrita feroz, e por vezes cruel, sempre foi a sua imagem de marca. Elfriede Jelinek não poupa as instituições da sociedade burguesa — à semelhança do que acontecia com outro austríaco, Thomas Bernhard — e também ela deixa transparecer para as suas obras a desapiedada e tensa relação identitária com a Áustria; para ela, nação retrógrada e reaccionária, um “cadáver em putrefacção” onde todos parecem ter esqueletos no armário à mistura com ódio aos estrangeiros e um passado ligado ao nazismo. A tudo isto junta ainda, e muito amiúde, uma arrepiante visão da posição das mulheres numa sociedade dominada pelos homens e pelos seus valores. Bastas vezes as suas análises acutilantes e irónicas atingem os pontos mais sensíveis do casamento e da relação amorosa. Ela desmascara a realidade de maneira brutal, expondo os labirintos do sexo e do desejo. A escritora tem várias obras traduzidas para português, entre elas os seus romances mais conhecidos: Lust (editorial Estampa, 1992) e A Pianista (ASA, 1994).

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