Pelo menos 18 feridos em confrontos entre polícia israelita e civis palestinianos no Pátio das Mesquitas

Alta tensão em Jerusalém em fim-de-semana em que feriados religiosos de judeus e muçulmanos coincidem, com fiéis a disputar acesso a locais sagrados.

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A polícia israelita e um grupo de civis palestinianos entraram em confronto este domingo no Pátio das Mesquitas, em Jerusalém, depois de um grupo de judeus ter acedido ao local num dia em que são celebrados dois feriados religiosos – o Eid al-Adha (um festival que sucede a realização o período de peregrinação dos muçulmanos a Meca), e o Ticha Beav (um dia de jejum para os judeus como luto pela destruição do templo de Salomão). Pelo menos 14 civis palestinianos e quatro agentes da polícia israelita ficaram feridos. A informação foi avançada por jornalistas das agências noticiosas AFP e Associated Press no local.

A tensão começou na manhã deste domingo quando a polícia israelita decidiu bloquear o acesso de algumas dezenas de crentes judeus ao Pátio das Mesquitas, num dia em que milhares de muçulmanos se dirigem à região para as celebrações do Eid al-Adha. Embora a população judaica não esteja autorizada a rezar no local sagrado (resultado de um acordo antigo entre as autoridades israelitas e palestinianas), e muitos evitem pisar a zona do antigo templo devido à importância religiosa do local, os judeus têm acesso ao local. 

As autoridades hebraicas acabariam por reverter a decisão depois dos protestos de alguns judeus que queriam celebrar o Ticha Beav no local. Cerca de quarenta crentes foram autorizados a entrar no espaço, acompanhados de membros da polícia, o que acabou desencadear confrontos entre grupos na área. 

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Os confrontos começaram depois de a polícia israelita decidir escoltar algumas dezenas de crentes judeus ao local AMMAR AWAD/Reuters

O Pátio das Mesquitas (conhecido pelos judeus como Monte do Templo, e pelos muçulmanos como Nobre Santuário) é um dos locais mais disputados por israelitas e palestinianos: é simultaneamente o lugar mais santo do judaísmo por ter o muro exterior do segundo templo (o muro ocidental, onde rezam os judeus), e é o terceiro local mais sagrado do islão, a seguir a Meca e Medina (na Arábia Saudita). Um dos confrontos mais violentos ocorreu em 2000, aquando de uma visita do então líder da oposição Ariel Sharon ao Pátio das Mesquitas que causou confrontos violentos que cresceram para uma revolta (a segunda Intifada) que durou quatro anos e deixou cerca de mil israelitas e três mil palestinianos mortos.

Quando Israel conquistou Jerusalém, deixou o Nobre Santuário (para os muçulmanos) ou Monte do Tempo (para os judeus) sob alçada da comissão islâmica de Jerusalém, a Waqf, cujo funcionamento é assegurado com verbas da Jordânia. Só que é Israel que controla o acesso, e há um movimento de judeus ortodoxos que reclamam o direito a rezar no local. Os palestinianos vêem as visitas recentes dos judeus ao Pátio das Mesquitas como provocações e receiam que Israel acabe por impedir o acesso de muçulmanos ao local. É algo que o governo de Israel tem negado repetidamente, mesmo que alguns nacionalistas judeus cheguem mesmo a apelar à destruição da mesquita muçulmana na região. 

Os incidentes deste domingo no Pátio das Mesquitas não foram os únicos na região este fim-de-semana. Também este domingo, um palestiniano abriu fogo contra soldados israelitas na fronteira de Gaza, acabando por ser abatido pelas forças israelitas. É a terceira troca mortal de tiros junto ao enclave palestiniano nos últimos dias. O exército israelita confirma que “neutralizou” o palestiniano e acrescenta que este “se aproximou da cerca de segurança no norte da Faixa de Gaza”, território controlado pelo movimento islâmico Hamas, e “abriu fogo” contra os soldados hebraicos. “Em resultado desse incidente, um tanque israelita disparou contra um posto militar da organização terrorista Hamas na mesma área”, acrescentou o exército, acrescentando que não houve baixas do lado das tropas israelitas. No sábado, o exército israelita disse ainda ter morto quatro palestinianos armados com armas de assalto, lança-rockets e granadas que terão tentado entrar em Israel a partir do sul da Faixa de Gaza.

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