Morreu o cardeal cubano Jaime Ortega

Era arcebispo emérito de Havana e teve um papel crucial na normalização da relação entre o Vaticavo e Havana e mediou as negociações entre Raúl Castro e Barack Obama.

Foto
Jaime Ortega morreu aos 82 anos Alexandre Meneghini/Reuters

O cardeal cubano Jaime Ortega, que foi perseguido pelo Governo comunista e, depois, foi uma figura chave na normalização da relação entre Havana e os Estados Unidos, morreu esta sexta-feira. Tinha 82 anos.

O secretário do cardeal, Nelson Crespo, disse que Ortega tinha cancro.

Arcebispo emérito de Havana, Ortega foi ordenado sacerdote 1964, mas o seu ministério foi interrompido um ano depois, ao ser chamado para as Unidades Militares de Ajuda à Produção, que existiram até 1968 e onde o Governo de Fidel Castro juntava religiosos, homossexuais e os não aptos para o serviço militar.

Foi depois bispo de Pinar del Río e, em 1981, foi nomeado para a arquidiocese de Havana. Presidiu à Conferência de Bispos Católicos Cubanos e, diz o seu perfil no Facebook, “apesar das restrições em Cuba, a 8 de Setembro de 1993, junto com o arcebispo de Santiago de Cuba, Pedro Claro Meurice Estiú, e os bispos das dioceses, redigiu a Carta Pastoral O Amor Espera Tudo, que lhe valeu duras críticas por parte do Governo e ataques da imprensa oficial, que nunca publicou o documento”.

Em 2011, aos 75 anos, pediu renuncia ao Papa, que não a aceitou. Em 2010, Ortega inaugurou o seminário de São Carlos e Santo Ambrósio, a primeira construção católica na ilha desde a revolução comunista. 

Mais recentemente, diz o Diário de Cuba, foi mediador entre o Papa Francisco, Raúl Castro e Barack Obama, no processo de pacificação das relações entre Cuba e os Estados Unidos. Teve um papel crucial na libertação de cem presos políticos em 2010. Quando na Primavera de 2013 o Presidente norte-americano autorizou o arranque de conversações secretas com Havana para pôr fim à política de isolamento da ilha comunista que nenhum dos seus antecessores quis mudar, o Vaticano apresentou-se como intermediário privilegiado, fruto do pragmatismo que João Paulo II e Bento XVI) adoptaram em relação a Cuba, que ambos visitaram, em 1998 e 2012, tal como o Papa Francisco, em 2015.

Em 2016 o Papa Francisco aceitou a sua renuncia, nomeando Juan de la Caridad García Rodríguez, para a diocese de Havana.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários