Um seguro público complementar de saúde pode fazer sentido, diz Francisco Ramos

Secretário de Estado adjunto e da Saúde lembra que Portugal é um dos países em que as pessoas pagam mais cuidados de saúde do seu bolso.

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PEDRO TRINDADE / NFACTOS

O secretário de Estado adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, defende que é altura de se estudar a criação de um seguro público complementar que assegure uma cobertura nas áreas em que os portugueses mais gastam dinheiro com cuidados em que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não garante resposta. “É um modelo que começa a ser usual na Europa. O caso francês é paradigmático. 85% dos franceses têm um seguro complementar para além do seguro social”, exemplifica o governante este sábado, em entrevista ao semanário Sol.

Lembrando que “Portugal é dos países onde as pessoas pagam mais cuidados de saúde do próprio bolso”, nomeadamente em medicamentos, consultas de especialidade, próteses, saúde oral e aparelhos auditivos, Francisco Ramos considera que “há duas hipóteses de olhar para isto”: ou “o SNS tem de resolver tudo”, ou então pensa-se “num seguro complementar que ofereça principalmente este tipo de cuidados”. Um seguro que permita acesso “à saúde oral, cobertura adicional nos medicamentos, óculos, próteses”, elenca Francisco Ramos, sugerindo que se promova um debate sobre o tema.

O seguro complementar público seria pago pelas pessoas, mas Francisco Ramos acredita que esta opção contribuiria para regular o actual mercado que diz estar “desregulado e selvagem”. Na situação actual, justifica, “um terço dos gastos em saúde em Portugal são suportados pelas famílias, seja em seguros, seja em gastos directos, e estamos a falar de 6 mil milhões de euros por ano”.

Assim, a prioridade em termos de política de saúde deve ser, defende, alargar a cobertura pública para as áreas em que as famílias têm mais encargos. Uma solução diferente daquela que o CDS que pretendia, a de alargar a ADSE a todos os trabalhadores do sector privado. “Acho um caminho mais difícil, até porque os próprios beneficiários naturalmente não querem partilhar esse benefício”.

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