O cabelo da Assunção, a queda do CDS e dois cães

Há qualquer coisa de lei de Murphy no CDS dos tempos que correm e na sua líder.

Foto
Reserve as quintas-feiras para ler a newsletter de Ana Sá Lopes em que a política vai a despacho.

Conhecem a lei de Murphy, certo? Tudo o que pode correr mal vai correr mal. Esta é a fórmula mais popular e consensual de uma frase atribuída ao engenheiro aeroespacial Edward Aloysius Murphy que acabou por baptizar a famosa lei, alegadamente por estar irritado com um homem que estava a trabalhar com ele.

Segundo relatos desmentidos pelo filho de Edward Murphy, o engenheiro terá dito qualquer coisa como “se aquele tipo conseguir arranjar uma forma de cometer um erro, fá-lo-à”. O filho de Murphy nega que o pai estivesse a chatear o trabalhador em causa e propõe uma versão alternativa: “Se há mais do que uma maneira de fazer uma coisa, e uma delas resultar em desastre, é dessa maneira que ele o fará”. Isto não é muito mais compassivo, mas ok.

Eu gosto da versão do meu amigo JP: “Se algo tem que correr mal, corre necessariamente pior”. Tem mais música e quando as coisas correm mal é a música que nos safa. Ou faz por isso.

Há qualquer coisa de lei de Murphy no CDS dos tempos que correm e na sua líder — a até há pouco tempo candidata a primeira-ministra Assunção Cristas. Já são duas as sondagens que dão o CDS a disputar o quinto lugar das legislativas de Outubro com o outrora denominado “Partido Pelos Animais” que entretanto passou a incluir também pessoas, e também a prejudicar pessoas, nomeadamente Assunção Cristas, a maior vítima do novo espírito predador - politicamente falando – do PAN.

Achava eu que a lei de Murphy estava em plena actividade quando Assunção Cristas decidiu esta semana pôr a voto nas redes sociais o seu futuro corte de cabelo. Mas nem toda a gente está de acordo comigo. Por exemplo, a Vanessa.

- Olha, eu achei muito bem. E deu-me uma boa ideia. Às vezes estou tão indecisa com coisas. Sei lá, que vestido comprar, que sapatos. Ao menos assim, a pôr a votos, sempre podemos ouvir mais opiniões. Para a próxima, é exactamente aquilo que eu vou fazer. Se a Assunção Cristas estava com dúvidas, que mal é que tem? Toda a gente põe tudo hoje nas redes sociais. Por que é que os políticos hão-de ser diferentes? E ela é mulher e todas as mulheres sofrem antes de cortarem o cabelo. Fogo, isto não é machismo, é realidade. Eu apoio a Assunção.

- Eh pá, aquilo era um bocado ridículo.

A Vanessa adora chamar-me conservadora, o que até é verdade em algumas coisas e noutras não.

- Tu não percebes os tempos que correm. O ar do tempo. O zeitgeist.

A Vanessa sabia o que era o zeitgeist, o que me deixou muito confortada.

- Se a Assunção correspondesse ao zeitgeist, não estava ao nível do PAN.

- Oh, estás a ser injusta. E a dizer mal dela porque ela é mulher. O problema é que o zeitgeist é neste momento mais favorável aos amigos dos animais, porque toda a gente só pensa em animais. Se Assunção Cristas começasse a andar com dois cãezinhos pela trela e a levá-los aos comícios, ias ver como as sondagens subiam logo!

Sugerir correcção
Ler 6 comentários