Passos Coelho diz que “geringonça” europeia “não é muito provável” e seria “instável”

Passos Coelho foi convidado pelo Fórum para a Competitividade para falar no `workshop´ “Exportadoras Outstanding” sobre as consequências das eleições europeias.

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Pedro Passos Coelho LUSA/Sergio Azenha

O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho afirmou nesta quarta-feira em Leiria que seria precisa "uma “geringonça” europeia para excluir o Partido Popular Europeu (PPE) do processo decisório no Parlamento Europeu, cenário que “não é muito provável”.

“Mesmo com o declínio nas últimas [eleições] europeias” do PPE, cuja bancada integra os eurodeputados do PSD e do CDS-PP, “dificilmente se constrói uma maioria [no Parlamento Europeu] sem o PPE”, defendeu o ex-primeiro-ministro social-democrata, intervindo numa sessão sobre as consequências das eleições europeias para as empresas, em Leiria.

“Seria necessária uma “geringonça” europeia para que isso acontecesse. Não é muito provável, seria uma solução sempre instável”, notou Passos Coelho, admitindo que a actual distribuição de mandatos vai obrigar a “procurar um consenso mais alargado, um equilíbrio mais complexo, mais difícil de atingir”.

Os resultados das eleições europeias de Maio resultaram na “maior fragmentação que enfraqueceu as famílias políticas tradicionais” mas, considerou, isso “não condicionará a a evolução económica da União Europeia”.

Passos Coelho, que foi convidado pelo Fórum para a Competitividade para falar no `workshop´ “Exportadoras Outstanding” sobre as consequências das eleições europeias para as empresas, sustentou que os principais constrangimentos podem surgir da “incerteza ligada ao `Brexit´ e às tensões comerciais”, que podem crescer com novas barreiras impostas pelos Estados Unidos da América.

Outros pontos sensíveis para o crescimento são as “limitações da política monetária”, sobretudo pela “fraca reforma estrutural” e o “atraso e fraco consenso na reforma da União Económica e Monetária”, nomeadamente “na união bancária e na construção de uma união de mercados de capitais”, considerou.

O ex-líder do PSD defendeu que há “uma consciência europeia que se vem desenvolvendo paulatinamente”, com “riscos que devem ser avaliados”, um dos quais, disse, é a “confiança sobre o futuro”.

Citando um estudo do `European Council on Foreing Relations´, Passos Coelho referiu que “nota-se que existe uma queda de confiança e expectativas negativas sobre o futuro em alguns países”, o que considerou representar uma inversão porque “a União Europeia nasceu do receio relativo ao passado e à guerra” mas “o que preocupa agora é o futuro”.

“Disso vai depender a evolução económica nos próximos anos, não tenho dúvidas”, advertiu.

Para o futuro da União Europeia, o ex-primeiro ministro defendeu uma estratégia de “estabilização dos equilíbrios alcançados” e “efectividade das reformas em curso no plano europeu”, aliada a “um reforço do princípio da responsabilidade nacional e na efectividade dos resultados associados aos compromissos assumidos pelos países”.

“Parece um caminho talvez menos “romântico” mas mais resiliente para enfrentar o contexto global e as aspirações dos europeus”, sustentou.

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