Principal líder dos protestos de 2011 no Egipto detido

Autoridades egípcias acusam o ex-deputado Zyad Elelaimy de conspiração para derrubar o Governo do general Sissi.

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As manifestações de 2011 no Cairo levaram ao afastamento de Hosni Mubarak Stringer / Reuters

As autoridades egípcias detiveram esta terça-feira o líder da revolta de 2011 que afastou o Presidente Hosni Mubarak, acusando-o de participar numa conspiração para derrubar o Governo.

O ex-deputado Zyad Elelaimy, um militante importante do Partido Social Democrata Egípcio e porta-voz da já dissolvida Coligação da Revolução de 25 de Janeiro, foi detido com outras sete pessoas, que o Governo descreveu como leais à Irmandade Muçulmana.

O telemóvel de Elelaimy estava desligado quando a agência Reuters tentou contactá-lo.

O seu partido esteve na linha da frente dos protestos de Janeiro de 2011 que derrubaram Mubarak, mas era também um forte opositor do regime de Mohamed Morsi, o líder da Irmandade Muçulmana que se tornou o primeiro Presidente egípcio democraticamente eleito em 2012.

Morsi foi derrubado um ano depois pelo Exército, num golpe liderado pelo general Abdel Fattah al-Sissi, e preso sob acusação de espionagem e pelo envolvimento na morte de manifestantes.

O ex-Presidente morreu na semana passada durante uma audiência internacional e as atenções internacionais concentraram-se na perseguição aos críticos que Sissi tem promovido desde que se tornou Presidente, em 2014, que as organizações de defesa dos direitos humanos dizem ser a mais violenta na história recente do país. Pelo menos 60 mil pessoas foram presas por razões políticas, de acordo com uma estimativa da Human Rights Watch.

Sissi nega a existência de presos políticos e os seus apoiantes dizem que as medidas eram necessárias para estabilizar o Egipto na sequência da revolta de 2011.

O ministro do Interior acusa Elaimy e os outros detidos de envolvimento num plano promovido e financiado pelos líderes da Irmandade Muçulmana no estrangeiro para “levar a cabo actos violentos e desordeiros contra as instituições estatais, ao mesmo tempo que se cria uma situação revolucionária”.

Foram acusadas cinco pessoas fora do Egipto, incluindo o ex-candidato presidencial Ayman Nour e os apresentadores de televisão célebres Moataz Matar e Mohamed Nasser, acusados de envolvimento na conspiração.

O ministério descreveu Elelaimy e os outros detidos como “elementos provocadores”. O fundador da Rede Árabe de Informação sobre Direitos Humanos, Gamal Eid, que está a representar Elelaimy, disse que a designação era usada frequentemente durante o mandato do último ministro do Interior de Mubarak, Habib al-Adly.

“Parece-me que lhes foi difícil descrever os detidos como terroristas porque são na sua maioria esquerdistas”, disse Eid.

O ministério disse que Elelaimy e os outros sete suspeitos que foram identificados são as figuras mais importantes detidas, mas não revelou o número total de presos. Também revelou ter identificado 19 empresas e “entidades económicas” geridas através de “métodos secretos” pelos líderes da Irmandade e pelos “elementos provocadores” leais à organização.

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