Catarina Martins lamenta “mudança de opinião” do PS nas taxas moderadoras sem responder a César

Líder parlamentar e presidente do PS disse que o BE “não manda na Assembleia da República, nem manda no país”.

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Catarina Martins LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS

A coordenadora do BE voltou nesta segunda-feira a lamentar que o PS tenha “mudado de opinião” quanto às taxas moderadoras e manifestou-se disponível para “todas as convergências que puxem pelo futuro do país”, sem nunca responder a Carlos César.

Durante uma visita à estação de metro do Marquês de Pombal, em Lisboa, Catarina Martins foi questionada por várias vezes sobre as declarações do líder parlamentar do PS, que invocou o sentido de “responsabilidade financeira” e a rejeição de “aventureirismos”, para defender o faseamento do fim das taxas moderadoras e afirmou que o Bloco de Esquerda "não manda na Assembleia da República, nem manda no país".

“O PS tem todo o direito de mudar de opinião e limitar o avanço do fim das taxas moderadoras, mas é de facto pena que mude de opinião, porque o prejuízo não é do Bloco de Esquerda, é dos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS), que vêem demorar mais essa conquista importante”, afirmou Catarina Martins.

Perante a insistência dos jornalistas sobre a crítica política de Carlos César, a coordenadora do Bloco voltou a centrar-se na proposta feita pelo partido de fim das taxas moderadoras nos centros de saúde e em consultas ou exames prescritos por profissionais do SNS - aprovado na generalidade apenas com votos contra do CDS-PP - e na qual diz que irá insistir na discussão na especialidade.

“O BE fez uma proposta e quer que essa proposta seja lei, é nisso que estamos concentrados, é sobre propostas concretas que o BE está concentrado, é isso que importa toda a gente”, defendeu.

Questionada se este tipo de posições dificulta novos entendimentos entre BE e PS, depois das eleições legislativas de Outubro, Catarina Martins voltou a responder de forma indirecta.

“O BE está aqui, do primeiro ao último dia da legislatura, como nas próximas legislaturas, para todas as convergências que puxem pelo país, pelas condições concretas de quem aqui vive”, assegurou.

A coordenadora do Bloco referiu que, devido à existência de taxas moderadoras, “há dois milhões de cuidados de saúde que não são prestados”, entre pessoas que deixam de realizar análises ou exames prescritos ou que não vão a uma consulta indicada pelo seu médico de família.

“É prejudicial para a saúde dos portugueses e para as contas do SNS: quando não fazemos a prevenção da doença, os problemas tendem a agravar-se e temos depois os hospitais com situações ainda mais complicadas”, alertou.

Catarina Martins saudou que a medida tenha merecido um “amplo consenso” na Assembleia da República e lamentou que “alguns partidos tenham mudado de ideias”, depois de, no sábado, o semanário Expresso ter noticiado que o Governo deu indicações ao PS para alterar, na especialidade, o diploma do Bloco de Esquerda que previa a eliminação já em 2020 do pagamento das taxas moderadoras, introduzindo um faseamento.

“Nós não mudamos de ideias, sabíamos bem o que estávamos a votar”, afirmou a líder do BE.

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