Zona com petrolíferas estrangeiras no Iraque atacada com mísseis

É quarto ataque do género em apenas uma semana. Forças de segurança iraquianas acreditam que os responsáveis são milícias apoiadas pelo Irão, que pretende enviar uma mensagem para os EUA num momento de grande tensão no Médio Oriente.

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Os EUA já avisaram que a morte de norte-americanos terá como resposta acções militares Reuters/Essam Al Sudani

Um parque industrial ligado a dois campos petrolíferos da cidade Basra, no sul do Iraque, onde têm sede várias empresas estrangeiras, entre as quais a norte-americana ExxonMobil, que recentemente regressou ao Iraque, foi atingido por mísseis Katyushka, na quarta-feira. Três pessoas ficaram feridas e é o quarto ataque do género em apenas uma semana. As autoridades iraquianas apontam como responsáveis milícias apoiadas pelo Irão.

Um dos mísseis explodiu e outro atingiu instalações de alojamento de trabalhadores da petrolífera norte-americana sem detonar. Os outros alvos, também com mísseis, foram bases militares norte-americanas, sem que que se registassem feridos ou mortos. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, já avisou que qualquer baixa norte-americana terá como resultado uma dura retaliação militar.

Ninguém os reivindicou, mas, diz a Reuters citando uma fonte das forças de segurança do Iraque, as autoridades iraquianas acreditam que os responsáveis são milícias apoiadas pelo Irão e que se trata do envio de uma mensagem a Washington. E, continua a agência, um dos próximos alvos pode ser o consulado dos EUA em Basra, a segunda maior cidade iraquiana.

Em meados de Maio, o Departamento de Estado norte-americano ordenou a retirada do seu pessoal diplomático não essencial do Iraque por temer ataques de milícias pró-Irão - ameaça contestada pelos serviços secretos britânicos. A Alemanha e Holanda seguiram-lhe os passos ao darem ordens aos seus militares para suspenderem os treinos às forças iraquianas. 

Teerão recusa-se a comentar estas acusações, mas tem sempre negado qualquer envolvimento em ataques na região, como é o caso dos dois petroleiros no golfo de Omã, no estreito de Ormuz, na semana passada. Além de as rejeitar, acusa os Estados Unidos de serem os responsáveis dos ataques aos navios com o intuito de criarem um pretexto para entrarem em guerra com a República Islâmica.

Os EUA acusam Teerão de querer desenvolver armas nucleares e de expandir a sua influência, via milícias e grupos terroristas, no Médio Oriente, ameaçando os interesses de Washington e dos seus aliados.

Há muito que o Irão tem influência no Iraque ao apoiar milícias e forças políticas xiitas. Começou a fazê-lo pouco depois da invasão norte-americana, em 2003, ao patrocinar a luta contra as forças de ocupação dos Estados Unidos e, quando, em 2014, o Daesh se começou a expandir no Norte do Iraque continuou a apoiá-las. As milícias combateram os jihadistas lado a lado com as forças militares iraquianas, assumindo um importante papel no esforço de guerra e conquistando influência.

Com o califado do Daesh territorialmente destruído – o Governo iraquiano declarou-o há ano e meio – e a tensão entre Washington e Teerão a aumentar significativamente, Teerão estreitou ainda mais os laços com as milícias. Não apenas no Iraque, mas um pouco por toda a região, como no Líbano, com o Hezbollah, por si criado em 1981, no Iémen, com os rebeldes houthis, e na Síria.

No final de Abril, o general iraniano Qassem Soleimani, que lidera a força de elite da Al-Quds, braço para operações no estrangeiro dos Guardas da Revolução, reuniu-se com comandantes das milícias iraquianas - algo bastante comum nos últimos cinco anos. E terá, segundo o Guardian, avisado para se “prepararem para uma guerra por procuração”. “Não foi uma chamada às armas, mas também não esteve longe de o ser”, disse uma fonte das forças de segurança iraquianas ao jornal britânico.

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