Perto de 400 pessoas detidas em Moscovo em marcha de apoio a Golunov

Mais de mil pessoas reuniram-se no centro da capital russa para participar no protesto pela detenção do jornalista.

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Cerca de 1000 pessoas manifestaram-se em Moscovo SHAMIL ZHUMATOV/Reuters

Pelo menos 400 manifestantes foram detidos nesta quarta-feira em Moscovo durante uma marcha contra os abusos policiais e em apoio do jornalista Ivan Golunov, acusado de tráfico de droga e já libertado, anunciou a organização não-governamental OVD-Info.

Mais de mil pessoas reuniram-se no centro da capital russa para participar no protesto, que deu origem a detenções particularmente musculadas, segundo refere a agência noticiosa AFP.

Entre os detidos encontra-se Alexei Navalni, disse nas redes sociais Kira Iarmych, porta-voz do opositor russo e alvo de numerosos processos judiciais e detenções nos últimos anos.

A organização não-governamental OVD-Info referiu-se a pelo menos 400 manifestantes detidos durante esta marcha destinada a denunciar a actuação da polícia neste caso, que provocou uma mobilização quase sem precedentes da sociedade civil russa.

Cerca de uma centena de pessoas também se concentrou em São Petersburgo, a segunda cidade do país, em protesto, segundo a AFP.

“Aquilo que se passou com Ivan Golunov acontece todos os dias neste país. Existem toneladas de [falsas] histórias de droga como esta. Tivemos a sorte de ter sido libertado, mas é apenas uma pequena vitória. A guerra não está ganha”, disse à AFP Egor, um manifestante de 15 anos com uma T-shirt com a frase “Eu sou Ivan Golunov”.

Detido na quinta-feira em Moscovo por polícias que afirmam ter descoberto droga na sua mochila e no seu apartamento, Ivan Golunov foi posto em prisão domiciliária no sábado antes de ser ilibado e libertado na terça-feira, um recuo raro das autoridades.

O jornalista de 36 anos, que trabalha para o portal digital independente Medusa, disse que vai aguardar para perceber o que se passou, e assegurou que vai prosseguir as investigações sobre a corrupção das elites e as irregularidades das estruturas mafiosas.

As autoridades abriram um inquérito sobre o comportamento dos polícias que detiveram Golunov, já suspensos enquanto decorrem as investigações, e admite-se o afastamento de dois altos responsáveis da polícia moscovita.

Este desfecho não tem praticamente precedentes na Rússia, onde os serviços de segurança e a polícia são frequentemente acusados de simular casos com posse de droga para silenciarem as vozes críticas ou preencherem as suas quotas mensais de detenções.

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