Protecção Civil pagou combustível para participar em novela da SIC

Agentes da Protecção Civil e veículos recriaram incêndios de Outubro de 2017 em Leiria.

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A Protecção Civil e a produtora televisiva garantem que "em nenhum momento esteve em causa o socorro à população" daniel rocha

A Protecção Civil mobilizou na quarta-feira um contingente de meios de combate a incêndios e de emergência para participar nas filmagens de uma novela para a SIC e nada cobrou pelo empréstimo de meios. A Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) assumiu “apenas o custo com o combustível associado à deslocalização dos meios”. “Não houve qualquer pagamento à ANEPC”, garantiu ao PÚBLICO.

A Protecção Civil acrescentou ainda que “todo o apoio logístico aos meios materiais e humanos da ANEPC no âmbito desta acção foi prestado pela produtora”.

Questionada sobre se a participação da Protecção Civil tinha sido paga, a SP Televisão disse não dispor de informação sobre o assunto. Já a GNR diz ter enviado uma viatura ligeira e quatro militares do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro para as filmagens, em regime de serviço remunerado. “A participação da GNR estava autorizada, salvo empenhamento operacional extraordinário, pelo que, em nenhum momento, esteve em causa o cumprimento da missão da Guarda ou a salvaguarda das populações”, refere esta corporação. 

A Protecção Civil garantiu o mesmo. “Em nenhum momento esteve em causa o socorro à população”, assegurara já num comunicado que surgiu na sequência de um artigo do Jornal de Notícias, uma vez que os meios utilizados eram sobretudo de “apoio e não de combate directo”. Eram “meios de reserva”, esclareceu este organismo.

O objectivo da cena na novela da SIC em que entram os meios em causa é recriar os incêndios de Outubro de 2017 (incluindo a destruição do Pinhal de Leiria e a evacuação de praias na região Centro), que mataram 50 pessoas. A Protecção Civil refere que a sua participação nesta produção seria “obviamente” cancelada” e os meios desmobilizados se existisse uma “ocorrência real”. Era o que estava “previamente acordado com a produtora”, acrescenta a mesma nota informativa.

A participação na reconstituição dos incêndios na novela do canal privado foi “exclusivamente no interesse informativo, na construção de mensagens de informação pública”, o que poderá ajudar a sensibilizar os portugueses para a questão dos incêndios florestais.

Ao PÚBLICO, a empresa SP Televisão confirmou que “teve o apoio de vários agentes de Protecção Civil para reproduzir um incêndio florestal”.

“Ao primeiro sinal de alerta e mobilização de meios, todas as gravações seriam canceladas e os meios accionados para as suas operações de socorro”, disse fonte do gabinete de comunicação da produtora. O gabinete de comunicação da produtora acrescenta ainda que um dos objectivos desta novela é “contribuir para a reconstrução da região e, com esta operação em particular, contribuir para a sensibilização das populações para os cuidados a ter em situação de alerta, procedimentos de evacuação e para os deveres de limpeza das matas”.

Segundo o JN, foram mobilizadas todas as corporações de bombeiros de Leiria, o INEM, os militares do Grupo de Intervenção e Socorro (GIPS), os “canarinhos” da Força Especial de Bombeiros (FEB) e até o SIRESP: todos receberam ordens para se dirigirem às filmagens da SP Televisão, produção que há um mês tinha apresentado a proposta à Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil para participar na novela Flor de Sal.

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