Protecção Civil diz que meios utilizados em novela da SIC eram de “reserva”

Os meios de reserva da Protecção Civil foram mobilizados para fazer uma reconstituição dos incêndios de Outubro de 2017, mas a entidade garante que “em nenhum momento esteve em causa o socorro à população”.

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A destruição do Pinhal de Leiria nos incêndios de 2017 é um dos temas retratados na novela Paulo Pimenta/Arquivo

A Protecção Civil mobilizou na quarta-feira um contingente de meios de combate a incêndios e de emergência para participar nas filmagens de uma novela para a SIC, avança o Jornal de Notícias (JN) na edição desta quinta-feira. Em resposta, a Protecção Civil garante que “em nenhum momento esteve em causa o socorro à população” e refere que os meios utilizados eram sobretudo de “apoio e não de combate directo”. “Meios de reserva”, esclarecem.

O objectivo desta cena na novela da SIC é recriar os incêndios de Outubro de 2017 (incluindo a destruição do Pinhal de Leiria e a evacuação de praias na região Centro), que causou a morte a 49 pessoas. A Protecção Civil refere que a sua participação seria “obviamente” cancelada” e os meios desmobilizados se existisse uma “ocorrência real”. Era o que estava “previamente acordado com a produtora”, acrescenta-se numa nota de esclarecimento.

Quanto ao motivo da participação na reconstituição dos incêndios na novela do canal privado, é referido que se trata “exclusivamente no interesse informativo, na construção de mensagens de informação pública, na construção de mensagens de informação pública”, o que poderá ajudar a sensibilizar o público no que toca a incêndios florestais.

Contactada pelo PÚBLICO, a empresa SP Televisão confirma que “teve o apoio de vários agentes de Protecção Civil para reproduzir um incêndio florestal” e esclarece que a resposta operacional das estruturas de Protecção Civil não ficou comprometida.

“Ao primeiro sinal de alerta e mobilização de meios, todas as gravações seriam canceladas e os meios accionados para as suas operações de socorro”, diz ao PÚBLICO fonte do gabinete de comunicação da produtora. Questionada sobre se a participação da Protecção Civil tinha sido paga, a SP Televisão disse não dispor de informação sobre o assunto.

O gabinete de comunicação da produtora acrescenta ainda que um dos objectivos desta novela é “contribuir para a reconstrução da região e, com esta operação em particular, contribuir para a sensibilização das populações para os cuidados a ter em situação de alerta, procedimentos de evacuação e para os deveres de limpeza das matas”.

Segundo o JN, foram mobilizadas todas as corporações de bombeiros de Leiria, o INEM, os militares do Grupo de Intervenção e Socorro (GIPS), os “canarinhos” da Força Especial de Bombeiros (FEB) e até o SIRESP: todos tinham recebido ordens para se dirigirem às filmagens da SP Televisão, produção que há um mês tinha apresentado a proposta à Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil para participar na novela Flor de Sal

O responsável pelo Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Leiria, Carlos Guerra, descartou qualquer responsabilidade directa e disse ao JN que as suas ordens vieram “das autorizações e das respectivas orientações que vieram do comando nacional”.

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