Jerónimo junta-se a João Ferreira no primeiro banho de multidão em Almada

Comunistas reclamam para si louros da redução dos passes sociais e apertam o apelo ao voto.

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LUSA/Nuno Fox

Não foi uma arruada como noutros tempos - até porque Almada também já não é de maioria comunista -, mas João Ferreira teve neste sábado à tarde o primeiro banho de multidão digno desse nome nesta campanha eleitoral, a que não terá sido alheia a ajuda da presença de Jerónimo de Sousa que se juntou nos últimos cem metros do percurso. O líder do PCP não aparecia na campanha de Ferreira desde terça-feira. Várias centenas de apoiantes fizeram o desfile entre as praças do MFA e a Luís de Camões em 35 minutos, mas ficaram para ouvir uma hora de discursos.

Foi mesmo em frente à câmara perdida para o PS há dois anos que os comunistas desfiaram as habituais críticas à direita e aos socialistas. Jerónimo de Sousa até haveria de vincar que este é um “governo minoritário do PS e não um governo das esquerdas ou mesmo de esquerda” e que o PS só não seguiu as políticas de direita “porque não estava sozinho, de mãos livres”.

Tanto o cabeça de lista da CDU como a deputada Heloísa Apolónia e o líder do PCP colaram o PS ao PSD e ao CDS - e ao papel que aqueles três partidos tiveram em Bruxelas nas “diatribes” da aprovação de políticas prejudiciais para Portugal. Realçaram as medidas de devolução de rendimentos e direitos em que os comunistas tiveram papel “fundamental”, e lembraram o papel do PCP para a solução que deu lugar a este compromisso à esquerda e que evitou que a direita continuasse a “empobrecer o país”.

João Ferreira teve uma abordagem mais europeia, enalteceu o trabalho feito pelos eurodeputados mas depressa fugiu para a política nacional, enumerando medidas que os comunistas conseguiram aprovar nesta legislatura “contra a vontade de Bruxelas, Berlim e do PS” e com a “luta dos trabalhadores e do povo”. Nelas incluiu o fim dos cortes salariais, a gratuitidade dos manuais escolares, redução das propinas, aumento do abono de família e até os novos passes sociais. Estes últimos são um tema caro à população da margem Sul e o candidato já tinha falado neles ao almoço, na Quinta do Conde - mas reclamando-os como uma medida do PCP quando na verdade eles foram iniciativa do Governo.

Jerónimo insistiu no salário mínimo de 850 euros - sobre o qual PS e a direita estão “calados como ratos” - e perante a plateia com muitos reformados argumentou que, “enquanto existirem salários baixos, existirão sempre reformas baixas”.

Os comunistas não se cansam de apelar constantemente ao voto “no último quadrado, o da foice e do girassol”. Jerónimo lembrou que esta é apenas a “primeira batalha eleitoral do ano” e que o resultado “está ainda em construção”, apelando: “Precisamos que todos ajudem.”

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