A Liga dos Campeões da inovação europeia

Se a Europa é tão forte na área científica, por que razão produz tão pouca inovação?

O Conselho Europeu desta semana não terá apenas o “Brexit” na agenda. Os primeiros-ministros de toda a Europa vão também debater inovação, indústria e competitividade na União Europeia. É um debate urgente numa altura em que a concorrência mundial está a intensificar-se e a Europa precisa de ser mais inovadora, assumir mais riscos e acelerar o desenvolvimento de novas tecnologias.

Entre as propostas-chave em discussão estará o Conselho Europeu de Inovação, um novo instrumento que desenvolvemos após anos de trabalho intenso com alguns dos melhores empreendedores europeus. É uma iniciativa que visa melhorar radicalmente a forma como a Europa financia e encoraja a inovação ao serviço da prosperidade e bem-estar dos Europeus. 

Esta ideia começou com a constatação de um paradoxo: se a Europa é tão forte na área científica, por que razão produz tão pouca inovação? Como é possível a Europa ter produzido tão poucos campeões digitais nos últimos 20 anos? Onde estão as Apples, Alibabas e Amazons europeias? E será que a Europa poderá ter um papel mais preponderante na próxima vaga de inovação, que ligará o mundo físico ao digital?

Acreditamos que isso apenas será possível se combinarmos a nossa ciência e empresas de alto nível com uma nova iniciativa que apoie as inovações disruptivas que criam novos mercados e oportunidades. A inovação disruptiva nasce da tomada de riscos e não de meros esforços de otimização; requer uma abertura a ideias improváveis, provenientes da intersecção de diferentes tecnologias, setores e perspetivas. Por fim, a inovação disruptiva tende a nascer nas startups, mas a chave para o seu sucesso é a cooperação com grandes empresas que lhe possam conferir escala e capacidade de conquista de mercado.

Posto isto, como é que um Conselho Europeu de Inovação pode alterar o paradigma atual?

Em primeiro lugar, apoiará inovadores com elevado potencial, sem medo de correr riscos, e sem impor restrições temáticas. Queremos apoiar os empreendedores que estejam a desenvolver soluções radicalmente diferentes, e portanto ainda demasiado arriscadas para um investidor privado. Alguns vão fracassar. Mas outros vão ser bem-sucedidos e podem assim mais facilmente encontrar investimento privado para crescer.

Em segundo lugar, combinará o melhor do setor público e do setor privado. Associará fundos públicos e o melhor know-how privado para selecionar e acompanhar os projetos; associará investigadores com empresários; aliará subvenções com investimentos em capital.

Por fim, irá operar a nível pan-europeu. Será aberto aos melhores dos melhores de cada País da União Europeia; ligará empreendedores de todo o continente, ajudando-os a atingir massa crítica rapidamente. Se atuarmos a um nível europeu conseguimos dar maior escala à inovação.

Esta semana, anunciamos uma nova fase neste Conselho Europeu da Inovação. Ganha um orçamento de mais de dois mil milhões de euros para 2019/2020. E, a partir do próximo ciclo orçamental da UE (2021-2027), a Comissão propôs afetar dez mil milhões de euros a este instrumento no âmbito do Horizonte Europa, o programa de financiamento da investigação e inovação da UE.

O Conselho Europeu de Inovação não irá por si só transformar startups em Campeões Europeus. Mas ao criarmos uma verdadeira Liga de Campeões para os empreendedores europeus, vamos puxar pelo melhor que há na Europa e portanto dar mais força e dimensão às nossas empresas, criando emprego e prosperidade para os Europeus.

Os autores escrevem segundo o novo Acordo Ortográfico

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