Ministério Público arquiva inquérito sobre donativos de Pedrógão Grande

"Inexistência de indícios de crime" dita arquivamento do processo.

Foto
Adriano Miranda

O Ministério Público arquivou o inquérito às suspeitas de desvio de donativos para as vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande de Junho de 2017, concluindo pela "inexistência de indícios de crime".

No despacho, datado de 26 de Fevereiro, conclui-se que nenhuma verba recebida em cheque ou em dinheiro foi desviada, tendo sido transferidas para a conta aberta que esteve disponível para a recepção de donativos, onde os mais de 347 mil euros depositados permaneceram intactos.

O despacho esclarece também que houve apenas um camião TIR, e não 19 veículos pesados, como fora noticiado pelo Expresso em Julho de 2018, a transportar material de oferta para equipar cozinhas e casas de banho das habitações afectadas pelos incêndios. Os equipamentos foram de facto recolhidos pela imobiliária Remax por vários pontos do país e “entregues nas instalações do Regimento de Artilharia nº4 de Leiria”, que recusou receber os materiais na sua totalidade por “falta de condições de armazenamento”.

Mais tarde, por indicação da Cruz Vermelha Portuguesa, os restantes donativos foram deixados na empresa de transportes URBANUS, e dali encaminhados para as instalações da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP). Aí, “a AHRESP, por sua vez, informou que o material entregue pela Remax foi levantado, de forma gradual, pela Santa Casa da Misericórdia de Pedrógão Grande e pela Câmara Municipal de Pedrógão Grande”.

Mais tarde, a TVI também tinha avançado em Agosto de 2018 que o presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande e o na altura vereador Bruno Gomes tinham protagonizado irregularidades na atribuição de donativos para a recuperação das casas. No entanto, o Ministério Público confirmou que não houve quaisquer diligências e foi proferido "despacho de arquivamento" deste processo. 

Em reacção, a Câmara Municipal de Pedrógão Grande diz em comunicado que “a autarquia e o seu presidente não esperavam outro resultado” da investigação do Ministério Público, uma vez que os seus procedimentos foram sempre cumpridos com “transparência e lisura”. A autarquia diz nunca ter deixado de “confiar na actuação do MP, que se deteve no rigor dos factos e se manteve imune às campanhas” que considera “persecutórias” e “que lhes estão a ser movidas, com puras motivações políticas e cegamente indiferentes às consequências para o bom nome dos pedroguenses e para a generosidade dos cidadãos”.

O Departamento de Investigação e Acção Penal de Coimbra informou neste mesmo despacho que o presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, deve no entanto informar e comprovar nos próximos três meses a utilização dinheiro depositado na conta bancária solidária. 

Sugerir correcção
Ler 3 comentários