Nesta loja do Porto não há festa sem Trufas, Amigos e Vinhos

Os fungos são as estrelas da casa e entre as especialidades há queijos, risottos, manteiga, mel ou azeite.

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Frederico Leão, funcionáro da loja, entre alguns dos produtos-estrela da casa Nelson Garrido

O número 30 da Rua Campo Mártires da Pátria, na zona central da cidade do Porto, tem uma nova vida. Um olhar atento de quem percorre o caminho entre o Jardim da Cordoaria e o Passeio das Virtudes é capaz de captar as duas portas de vidro que compõem a loja portuense que abriu no final de 2018. Numa apresentação simples, o logótipo branco exibe não só o nome, mas também o conceito inerente ao negócio: Trufas, Amigos e Vinho. A ordem não é obrigatoriamente a descrita, mas os três elementos devem fazer parte do plano de quem entra na loja. É que, para Rui, “não há nada melhor do que comer umas trufas e beber um copo de vinho na companhia dos amigos”.

Para contar a história da Trufas, Amigos e Vinhos é preciso recuar seis ou sete anos. A data definitiva falha na memória de Rui Ribeiro, um dos sócios da loja, juntamente com a irmã Ana Perestrello, mas sabe que foi entre 2012 e 2013 que surgiu a ideia de um negócio em que as trufas eram o foco. “Numa das feiras que fiz, enquanto exportador de produtos portugueses na Bélgica, conheci alguns produtores de trufas”, recorda, em conversa telefónica com a Fugas. Provou e cheirou um dos fungos “mais caros do mundo” pela primeira vez e a vontade foi imediata: “Disse-lhes: ‘Vamos abrir um negócio de trufas’”.

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Nelson Garrido

Juntou-se a Ana, proprietária de uma imobiliária em Lisboa, e a ideia foi sendo definida nos anos seguintes. A derradeira oportunidade surgiu em 2018 e, uma semana antes do Natal, abriram-se as portas. “Queremos apresentar o sabor da trufa aos portugueses”, diz. Com um olho apurado para o comércio, fez um estudo de mercado antes de avançar. “Não há nenhum sítio [no Porto] que tenha tanta variedade de trufa com uma qualidade tão boa”, afiança. Até porque o conceito de trufas “não é algo muito divulgado em Portugal” e, por isso, “não há muita oferta”. Nascidos e criados no Porto – apesar de Rui residir em Bruxelas e Ana em Lisboa –, a escolha da cidade nortenha como montra para esta novidade foi clara. “É uma cidade que está a desenvolver-se muito a nível turístico e a tornar-se muito cosmopolita”, afirma Rui e, entre risos, acrescenta: “Vá, e é a minha cidade e a minha paixão.”

A loja que quer pôr as trufas nas casas portuguesas

De terça-feira a sábado, entre as 11h e as 19h, quem passa a estreita porta de vidro do número 30 é presenteado pelas paredes de pedra que, no lado direito, sustentam as estantes onde os produtos trufados importados de Bruxelas estão albergados. Há mel (entre 7,50€ e 13,90€), manteigas (entre 10,60€ e 24,70€), azeites (entre 9,30€ e 18€), tartufata (entre 8,50€ e 21€), vinagre balsâmico (10,80€), queijo (entre 18€ e 22€), tagliatelle (9,50€) e risotto (entre 11,70€ e 25€) com uma amigável percentagem de trufa branca ou preta e uma validade de dois anos depois de abertos. 

Por sua vez, a parede do lado esquerdo é composta por uma exposição de garrafas de vinho que enaltece as produções vitícolas de várias regiões portuguesas: vinho do Porto (entre 9,50€ e 32€), do Douro (entre 3,30€ e 35€), de Ponte da Barca (entre 3,60€ e 9,50€), do Dão (entre 6,80€ e 22€) e do Alentejo (entre 3,99€ e 60€). Não esquecendo o vinho Quinta do Vale Meão 2016, do Douro, de 90€.

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Nelson Garrido

Por uma questão de logística, Ana e Rui só vêm à loja em eventos - no passado dia 15 de Fevereiro, por exemplo, fizeram uma prova de vinhos onde apresentaram novos produtos, como os queijos. Assim, Frederico Leão, o único funcionário, fica encarregado de segurar as pontas e aconselhar o cliente na hora da compra. "Só provando é que se conhece", por isso, quem visitar a loja tem oportunidade de experimentar o sabor da trufa ou dos vinhos para matar a curiosidade e ajudar na decisão. Os "preços acessíveis" lançam o convite, especialmente aos portugueses, para provar o fungo que, geralmente, "custa uma fortuna". 

Os compradores, conta Frederico, “são maioritariamente brasileiros”. “Acho que é por causa do nome.” Mas o posicionamento estratégico no mercado ainda está a ser trabalhado. “Estamos a tentar captar mais atenção.” Querem, por exemplo, montar uma esplanada no Verão – projecto que já está a ser elaborado para apresentar à câmara. O próximo passo, acrescenta Rui, é “colocar duas mesas para as pessoas poderem desfrutar dos vinhos e das trufas” no próprio local.

Texto editado por Sandra Silva Costa

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