É mero "formalismo" o voto do PSD à censura do CDS, diz Rio

Não tem efeito prático nenhum, afirmou o líder, negando que o maior partido da oposição tenha sido arrastado pela iniciativa de Assunção Cristas.

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O líder do PSD na Convenção do passado fim-de-semana LUSA/PAULO NOVAIS

O líder do PSD, Rui Rio, revelou na noite desta segunda-feira que não ponderou apresentar uma moção de censura ao Governo de António Costa porque, mesmo que fosse aprovada, ficaria sem "efeito prático", apenas antecipando as eleições em quatro meses. Por isso, classificou de "simbólico" e mero "formalismo" o voto do PSD à moção do CDS que é votada esta quarta-feira.

"Não tem efeito prático nenhum. Seriam as eleições antecipadas quatro meses", justificou Rui Rio na sede distrital do Porto do PSD, acentuando não ter equacionado a apresentação de uma moção de censura ao Governo.

Sobre o voto favorável do PSD à iniciativa apresentada pelo CDS-PP, Rui Rio admitiu que é "simbólico". Contudo, acrescentou, não podia ser diferente para ser consequente com as críticas que o partido vai fazer durante o debate da moção de censura, nesta quarta-feira, no parlamento.

"Se dizemos mal [no debate], íamos votar favoravelmente?", interrogou. De acordo com Rio, no plenário da Assembleia da República o PSD vai "repetir as principais críticas que tem feito ao Governo PS" e, sendo a votação para dizer que os socialistas têm de ser censurados, "depois de dizer mal", o PSD não podia votar contra essa censura.

"Não fazia sentido votar diferente", afirmou. No entanto, e pela segunda vez, afirmou que o voto favorável da bancada parlamentar do PSD “é pouco mais do que simbólico”. E concretizou. "Sabemos que não tem efeito em termos de fazer cair o Governo. E, imaginando que pudesse ter esse efeito, que o BE ou o PCP se abstinham, o que acontecia era antecipar as eleições em quatro meses", observou. Pelo que, acrescentou, que, "mais coisa, menos coisa, é um formalismo".

Sobre a interpretação de que o maior partido nacional e líder da oposição era o principal visado na moção de censura pela líder do CDS, Assunção Cristas, Rio negou que o PSD tenha sido arrastado. "Foram todos arrastados, porque regimentalmente são todos arrastados para o plenário para debater [a moção]. O PS também vai participar no debate", frisou, apegando-se ao formalismo processual do debate e retirando carga política ao mesmo.

Assunção Cristas justificou a moção de com "o esgotamento" do Governo, "incapaz de encontrar soluções" para o país e de só estar a pensar "nas próximas eleições". O anúncio da sua iniciativa surgiu também depois do congresso de formação da Aliança, de Pedro Santana Lopes, durante o qual o líder do novo partido fez uma intervenção de oposição ao executivo socialista suportado parlamentarmente pelo BE e PCP.

Esta é a segunda moção subscrita por Cristas de censura ao Governo minoritário do PS, depois de em 24 de Outubro de 2017 a anterior se ter centrado nas falhas do Estado no combate aos grandes incêndios do Verão daquele ano. A iniciativa foi rejeitada por 122 votos contra, do PS, PCP, BE, PEV (Os Verdes) e do deputado do PAN, e 105 a favor, do CDS-PP e do PSD.

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