PSD vai a "eleições para ganhar" e destaca classe média num programa ao centro

Vice-presidente do partido revela que o programa eleitoral deverá ser apresentado em Junho e acha difícil que se alcance um consenso com os outros partidos em matéria de justiça.

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David Justino é vice-presidente do PSD LUSA/MANUEL FERNANDO ARAÚJO

O PSD vai apostar num programa eleitoral “ao centro” nas eleições legislativas e que “possa ser a expressão da vontade do partido e não a expressão da vontade do candidato A ou B, do líder A ou B”, diz David Justino, vice-presidente dos sociais-democratas, em entrevista à Lusa.

“Vai ser um programa eleitoral de centro, com margens que vão da esquerda à direita. Há soluções que não são de esquerda, nem de direita, são do país. Nós não queremos uma proposta apresentada à sociedade, queremos uma proposta construída com a sociedade, que é uma coisa completamente diferente”, assume David Justino, antecipando a primeira convenção nacional do Conselho Estratégico Nacional, que se realiza no sábado em Santa Maria da Feira.

David Justino, que preside ao CEN, órgão de consulta da direcção do partido, revela que o programa eleitoral do partido, que deverá ser apresentado em Junho, resulta dos contributos das várias secções temáticas do CEN, num total de 16, e acha difícil se se alcance um consenso em matéria de justiça.

Quanto aos próximos combates eleitorais, o dirigente nacional do PSD acredita que o partido pode vencer tanto as eleições europeias como as legislativas. “É óbvio que estamos a apostar no cenário de vitória, quer nas europeias, quer nas legislativas. Ir a jogo só para trocar bolas não vale a pena, queremos meter golos”, afirma, reconhecendo que o primeiro ano de liderança de Rui Rio “não foi fácil” devido às divergências internas.

Apostado em passar em mensagem de credibilidade para o país, David Justino realça duas ideias que considera centrais para o programa eleitoral: protecção dos sectores mais vulneráveis da sociedade e uma atenção especial à classe média, uma bandeira de Rui Rio. Há precisamente um ano, na sessão de encerramento do Congresso do partido, em Lisboa, Rio disse que o “PSD tem na classe média o principal foco da sua acção. Quanto mais robusta esta for menos pobreza teremos”.

A propósito dos sectores mais vulneráveis, o vice-presidente tratou de mostrar que em Portugal “continua a haver mais de dois milhões de pessoa no limiar da pobreza”, tal como Rio havia feito na reunião magna dos sociais-democratas.

Afirmando que a classe média tem sido “fortemente fustigada”, nomeadamente a nível de impostos, o vice-presidente social-democrata acusou na entrevista o Governo de criar “uma ilusão fiscal” ao aumentar os impostos indirectos”. E defendeu mudanças sem, contudo, revelar como as pretende fazer: “É preciso apostar na equidade fiscal e não na ilusão fiscal, e aí falo em equilíbrio entre impostos directos e indirectos, tentando alargar a base fiscal”.

 Do ponto de vista dos documentos estratégicos produzidos pelo CEN, o presidente deste órgão revelou que serão divulgados novos textos em áreas como a defesa, relações internacionais, professores ou agricultura. Documentos em áreas como: política para a infância, reforma da zona euro, ensino superior, saúde e fundos estruturais já são públicos, o que não acontece com a justiça.

No Verão, Rui Rio fez chegar a proposta do PSD na área da justiça aos outros partidos, pedindo sigilo absoluto, na expectativa de se chegar a um consenso nesta matéria, mas o PSD continuou a “​trabalhar e a melhorar as suas propostas”, segundo disse David Justino que não esconde que “é difícil haver consensos quando se aproximam eleições”.

Sobre a convenção nacional do CEN, marcada para sábado, David Justino acredita que será “um marco”, na perspectiva de que o PSD encontrou uma “solução organizativa que vai além do que era a organização tradicional, mais virada para a sociedade, mais receptiva a incorporar anseios, ambições, conhecimento e experiência da sociedade. Criamos a ideia de que não basta fazer oposição, é necessário criar alternativa”.

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