Mais uma mulher acusa o vice-governador da Virgínia de abuso sexual

Meredith Watson acusa o vice-governador de Virgínia de a ter violado, em 2000, quando era sua colega de universidade.

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Reuters/JAY PAUL

Meredith Watson acusa o vice-governador da Virgínia de a ter violado, em 2000, quando eram colegas na Universidade de Duke, na Carolina do Norte. Esta é a segunda acusação contra Justin Fairfax depois de, na passada quarta-feira, Vanessa Tyson, professora de Ciência Política na Universidade Scripps (Califórnia) ter afirmado que o vice-governador a forçou a fazer sexo oral em 2004.

Nancy Erika Smith, advogada de Meredith Watson, diz, num comunicado, que “o ataque de Fairfax foi premeditado e agressivo". "Os dois eram amigos mas nunca namoraram ou tiveram algum relacionamento romântico”.

A advogada afirma também que “os detalhes sobre o ataque a Watson são semelhantes aos que foram descritos por Vanessa Tyson”, que acusou Justin Faifax de a forçar a praticar sexo oral num quarto de hotel, durante a Convenção Nacional do Partido Democrata em Boston, em 2004. 

A advogada diz que Meredith Watson não denunciou o caso à polícia ou à administração da universidade. Segundo o jornal The New York Times, um colega de faculdade de Watson, Kaneedreck Adams, disse numa entrevista que esta contou ter sido violada um dia depois do episódio e que apontou Fairfax como o agressor.

De acordo com o New York Times, Meredith Watson trabalhou nos últimos anos como consultora de angariação de fundos de organizações sem fins lucrativos. Watson decide tornar público o caso por considerar um “dever cívico”, pedindo a demissão de Fairfax do cargo de vice-governador do estado de Virgínia.

Num comunicado, o vice-governador diz negar “esta última acusação sem fundamento”. E diz que as acusações são “uma campanha de difamação maligna e coordenada”. “Exijo uma investigação completa a estas alegações falsas e não substanciadas. Uma investigação dessas confirmará a minha versão porque estou a dizer a verdade”, acrescenta.

Quando foi acusado por Vanessa Tyson, na passada quarta-feira, Fairfax chamou mentirosa à professora, e depois emitiu um comunicado a dizer que tudo o que aconteceu entre os dois foi consensual.

Vanessa Tyson já tinha denunciado o caso a The Washington Post em Setembro de 2017, quando Fairfax concorreu a vice-governador, mas o jornal não conseguiu confirmar a acusação, por não haver outras testemunhas, e não publicou a notícia. Agora, e quando se começou a falar da possível subida de Fairfax a governador da Virgínia, Vanessa Tyson tornou o caso público.

Após a segunda acusação, o ex-governador da Virgínia, Terry McAuliffe pediu que Fairfax se demitisse. “As alegações contra Justin Fairfax são sérias e credíveis”, diz o ex-governador do Partido Democrata. “Peço a sua demissão imediata”.

Também a congressista do Partido Democrata Jennifor Wexton, e vários pré-candidatos às presidenciais de 2020, como o senador Cory Booker, de Nova Jérsia, e a senadora Kirsten Gillibrand, de Nova Iorque, pediram que Fairfax se afastasse do cargo. 

Justin Fairfax era apontado como possível substituto do actual governador do estado de Virgínia,Ralph Northam, que está a ser pressionado para se demitir depois de um site da extrema-direita, criado por antigos antigos funcionários do Breitbart, ter publicado uma fotografia onde diz que Northam está com a cara pintada de preto, ao lado de um amigo vestido com a roupa do Ku Klux Klan. A foto foi tirada em 1984, quando o governador era estudante de Medicina.

A cara pintada de preto (blackface), tem raízes nos espectáculos de variedades do século XIX e servia para fazer humor com os negros.

O procurador-geral da Virginia, Mark Herring, o terceiro na linha para a sucessão ao cargo de governador, convocou uma conferência de imprensa, na quarta-feira, para admitir que também ele tem um passado de blackface - em 1980, numa festa na universidade, pintou a cara de preto para imitar o rapper Kurtis Blow.

Este acumular de casos prejudica o Partido Democrata neste estado uma vez que em Novembro realizam-se eleições para o congresso da Virginia.

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