Lucros do Santander Totta sobem para 500 milhões

Subida da margem financeira e das comissões ajudou ao resultado de 2018, que traduz um aumento de 14,6% nos lucros. Banco vendeu 600 milhões em imóveis e 1000 milhões de crédito mal parado.

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O Santander Totta teve lucros de 500 milhões de euros em 2018, o que compara com 436 milhões de euros em 2017. Trata-se de um aumento de 14,6% face ao ano anterior, anunciou o banco nesta segunda-feira. A instituição vendeu 1000 milhões de euros de crédito malparado no ano passado e cerca de 600 milhões de euros em imóveis. A alienação do crédito "teve um impacto praticamente nulo" na conta de resultados, disse a administração, argumentando que isso significa que esse crédito malparado estava bem provisionado.

"Foi um ano bastante desafiante", afirma a administração, no comunicado de apresentação de resultados, destacando a integração plena do ex-Banco Popular Portugal, concluída a 14 de Outubro de 2018. Os custos operacionais subiram 17,6%, para 621,1 milhões de euros, quer por via do aumento dos custos com pessoal, que subiram 14,8%, quer dos gastos gerais, que aumentaram 24%.

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Resultados dizem respeito ao último ano de mandato de António Vieira Monteiro, que deixou o cargo de CEO em Janeiro MIGUEL A. LOPES/ LUSA

O lucro de 2018 deve-se à subida da margem financeira (diferença entre o juro recebido pelos empréstimos e o juro pago pelos depósitos), que permitiu um encaixe de 866 milhões de euros, um aumento de 24%. Nas comissões, a receita ascendeu a 372 milhões de euros, mais 12,5%. O rácio de crédito malparado após as operações de venda em 2018 situa-se agora nos 4%.

O crédito totalizou 40,4 mil milhões de euros, diminuindo 2,4% face a 2017. Já os depósitos registaram um acréscimo de 6,3%, para 33,4 mil milhões. 

São resultados "muito bons", considerou o novo presidente executivo do banco, Pedro Castro Almeida, aludindo ao desempenho do banco no último ano da gestão liderada por António Vieira Monteiro, que deixou a liderança executiva em Janeiro, tendo passado a chairman da instituição.

O gestor disse ainda que, em 2018, o banco português detido pelo grupo espanhol Santander passou a ser “o maior banco em crédito e rentabilidade”, tendo financiado um em cada cinco créditos em Portugal.

A nova comissão executiva foi apresentada na mesma sessão, com o novo CEO a acumular as pastas da gestão de risco e da gestão dos recursos humanos.

Da equipa fazem também parte Manuel Preto, vice-presidente e administrador financeiro, Miguel Belo de Carvalho, responsável pela área comercial, Inês Oom de Sousa, com a área de produtos, marketing e pagamentos, Isabel Guerreiro, responsável pela transformação digital, e Amílcar Lourenço, com a responsabilidade das áreas de recuperações e gestão de activos não produtivos.

O Santander Totta levou a cabo, em 2018, a integração do Banco Popular Portugal, com que ficou depois da resolução do espanhol Popular. Em 2015, o Santander Totta tinha adquirido parte da actividade bancária do Banif.

Sobre uma solução para os lesados do Banif, que está a ser negociada entre os lesados (sobretudo a associação Alboa) e o Governo, Pedro Castro Almeida afirmou que o Santander Totta não foi envolvido, “nem deveria ser”, uma vez que o que comprou foi parte da actividade bancária daquele banco resolvido em 2015.

Acerca da mediação que a Associação de Lesados PT/Oi (ALOPE) quer promover junto com os bancos que venderam produtos financeiros, o presidente executivo foi cauteloso e disse apenas que, quando surgir um pedido para participar nesse processo, o banco analisará.

Quanto à liquidação do Banif Bahamas, os responsáveis do Santander Totta indicaram hoje que esse processo está na fase final e voltaram a confirmar que o custo deverá ascender a 100 milhões de euros.

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