Podemos tenta sarar as suas feridas, sem os seus protagonistas

Nesta quarta-feira há reunião extraordinária do Conselho Cidadão Estatal do Podemos. O objectivo é negociar uma solução para crise iniciada por Íñigo Errejón. Mas nem este nem Pablo Iglesas, líder do partido, vão marcar presença.

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Íñigo Errejón (à esquerda) e Pablo Iglesias (à direita) EPA/JUAN CARLOS HIDALGO

Nesta quarta-feira o Conselho Cidadão Estatal do Podemos – o órgão máximo da direcção do partido – reúne-se para tentar enfrentar a crise interna iniciada por Íñigo Errejón, um dos fundadores do partido e que anunciou que vai a eleições na comunidade de Madrid por outra lista.

Mas, reflectindo a crise sui generis que abalou o partido nas últimas semanas, Erréjón não vai estar presente na reunião e Pablo Iglesias, secretário-geral, também não, por estar de baixa de paternidade. Ainda não é certo que Iglesias faça uma intervenção por telefone.

De acordo com declarações de fontes próximas a Errejón aos jornais espanhóis, a ausência deste servirá para “tentar chegar a um acordo” e “desdramatizar” a situação e “acalmar as águas”. “A última coisa de que precisamos são mais tensões”.

Tudo começou quando Errejón anunciou a que iria integrar as listas da coligação “Más Madrid”, liderada pela actual presidente da câmara da capital espanhola, Manuela Carmena, nas próximas eleições municipais, em Maio deste ano. Isto caiu como uma bomba na direcção do Podemos e, em particular, em Iglesias, cuja relação com Errejón já se vinha deteriorando.

O secretário-geral do Podemos abriu a porta da saída a Errejón e, nos bastidores, vários dirigentes foram exigindo a sua saída do partido. Errejón acabou por renunciar ao seu mandato como deputado no Congresso nacional mas manteve-se no partido.

Mas nos últimos dias foi feito um esforço para moderar as posições e o Conselho Cidadão Estatal foi antecipado. O objectivo era dar um sinal de unidade do partido e procurar um consenso para solucionar a crise. Vários membros da direcção, da qual ainda faz parte Errejón, aconselharam o antigo deputado a não marcar presença, entre os quais Irene Montero, porta-voz do Podemos no Congresso e líder interina durante a baixa de Iglesias. 

Já depois de ter sido confirmada a ausência de Errejón no conselho nacional, Iglesias escreveu um texto no Facebook para tentar acalmar os ânimos: “Íñigo, apesar de tudo, não é um traidor, deve ser um aliado do Podemos”.

“A indignação perante a falta de respeito aos nossos espaços colectivos é natural e lógica, mas devemos enfrentar a situação com maturidade e responsabilidade”, continua Iglesias, referindo a decisão de Errejón em juntar-se à coligação de Carmena. “O nosso trabalho é sermos úteis à cidadania e isso passa por sermos generosos e responsáveis tratando de construir uma confluência mais ampla possível”, acrescenta.

As declarações de Iglesias indicam o caminho que a direcção do Podemos está a tentar trilhar para chegar a uma solução para esta crise. Procurar um consenso para abordar as próximas eleições municipais, e isso pode passar por um apoio à coligação “Más Madrid”.

Segundo foi sendo noticiado, Errejón, que será candidato à Comunidade de Madrid, enquanto Carmena se candidata à autarquia da capital, já iniciou conversações com a plataforma Esquerda Unida e o partido ecologista espanhol, Equo, para que se juntem à coligação.

Como explicaram fontes próximas de Errejón ao El País, o objectivo é criar uma candidatura ampla de esquerda, que albergue o máximo de formações possível. “Agora estamos centrados no verdadeiramente importante: levantar, juntamente com Manuela Carmena, uma plataforma progressista que governe Madrid, que seja ampla, inclusiva, com todos e todas.”

Ou seja, o Podemos terá lugar nesta coligação. E da parte da direcção deste partido há margem para negociar.

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