Errejón renuncia ao cargo de deputado mas continua no Podemos

Depois de ter gerado uma crise interna, o antigo número dois de Pablo Iglesias vai deixar o Congresso nacional. Mas não sai do partido, apesar de pressionado para o fazer.

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Íñigo Errejón (à esquerda) e Pablo Iglesias (à direita) Andrea Comas

Íñigo Errejón, um dos fundadores do Podemos (esquerda), renunciou nesta segunda-feira ao seu cargo de deputado no Congresso Nacional espanhol, quatro dias depois de ter gerado uma crise interna no partido ao juntar-se a outra coligação para disputar a liderança da Comunidade de Madrid.

“Pago tranquilamente o preço de tomar uma decisão correcta”, disse Errejón numa declaração aos jornalistas depois de ter entregado a sua carta de renúncia como deputado. “Esta é uma decisão pessoal”, informando que não deixa de ser militante do partido liderado por Pablo Iglesias.

Errejón, que é também secretário de Análise Estratégica e Mudança Política do Podemos, garantiu que não foi pressionado por ninguém para renunciar ao seu lugar de deputado: “Ninguém se pôs em contacto comigo para o pedir explicitamente”, assegurou.

Errejón abriu uma crise interna na semana passada ao anunciar que se juntava às listas do movimento Más Madrid, da presidente da câmara da capital, Manuela Carmena, para disputar a presidência da comunidade autónoma nas eleições municipais de Maio.  

A decisão apanhou de surpresa Iglesias, cuja relação com Errejón já não era pacífica. “Não posso aceitar que Manuela e Iñigo nos tenham escondido que estavam a lançar um projecto eleitoral próprio para a Comunidade de Madrid e que o tenham anunciado de surpresa. Os nossos militantes merecem mais respeito”, reagiu na altura Iglesias.

Iglesias anunciou que o partido vai apresentar candidatos próprios em aliança com a Esquerda Unida.

Errejón disse que ainda acredita que a plataforma Mais Madrid e o Podemos possam unir esforços para disputar juntos as eleições. "Espero que esta decisão tranquila e difícil permita o diálogo entre a Mais Madrid e o Podemos para disputarmos juntos a Comunidade", disse.

Vários dirigentes do Podemos vieram a público pedir que Errejón deixasse o partido. A renúncia ao cargo de deputado era já esperada mas restava saber se o antigo braço-direito de Iglesias iria deixar a sua posição de militante e de membro da direcção nacional da formação.

A resposta foi dada nesta segunda-feira: “Não podia deixar o Podemos mesmo que quisesse, porque o fundei e levo-o tatuado na minha pele. Sou militante, mas dedico-me inteiramente a uma só tarefa: ganhar a comunidade de Madrid e que Carmena revalide a sua autarquia”.

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