Investimento das empresas em 2018 ficou abaixo do previsto

Subida foi de 1,9% no ano passado, quando se previa 5,1%. Já este ano variação deverá ser de 4,4%. Principal factor limitativo do investimento identificado pelas empresas foi a deterioração das perspectivas de venda.

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Nas empresas mais exportadoras da indústria transformadora estima-se que o investimento tenha aumentado 6,1% em 2018 Adriano Miranda

O investimento empresarial deverá aumentar 4,4% este ano, dinamizado pelas empresas de maior dimensão, acelerando face à evolução de 1,9% em 2018, que ficou aquém dos 5,1% perspectivados, divulgou esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE).

“De acordo com os resultados apurados no Inquérito de Conjuntura ao Investimento de Outubro de 2018 (com período de inquirição entre 01 de Outubro de 2018 e 17 de Janeiro de 2019), o investimento empresarial em termos nominais deverá apresentar um crescimento de 4,4% em 2019. Os resultados deste inquérito apontam ainda para um aumento de 1,9% do investimento em 2018, traduzindo uma revisão em baixa face às perspectivas reveladas no inquérito anterior (variação de 5,1%), em particular nas empresas de maior dimensão (500 ou mais pessoas ao serviço)”, informa o INE.

Segundo o instituto o crescimento previsto de 4,4% do investimento este ano deve-se ao contributo positivo das empresas pertencentes ao 4.º escalão (6,9 pontos percentuais), em resultado de uma variação de 17,5%, e das empresas do 2.º escalão (1,8 pontos percentuais), reflectindo um crescimento de 9,7%.

O indicador de difusão do investimento (percentagem de empresas que refere a realização de investimentos ou a intenção de investir) apresenta um perfil descendente em 2017, 2018 e 2019, de 89,4%, 80,2% e 77,9%, respectivamente.

O “principal factor limitativo” do investimento empresarial identificado pelas empresas em 2018 e 2019 foi a deterioração das perspectivas de venda, prevendo-se para este ano “um aumento do peso relativo da insuficiência da capacidade de autofinanciamento e da deterioração das perspectivas de venda e uma redução do peso relativo da dificuldade em obter crédito bancário e da dificuldade em contratar pessoal qualificado”.

“De 2018 para 2019, entre os objectivos do investimento perspectiva-se um aumento da importância relativa do investimento orientado para a racionalização e restruturação e para outros investimentos, enquanto o peso relativo do investimento associado à extensão da capacidade de produção e à substituição deverá diminuir”, refere o INE.

“Apesar da redução do seu peso relativo – acrescenta - o investimento de substituição destaca-se por ser o objectivo mais referido em ambos os anos”.

Considerando a dimensão das empresas por escalões de pessoal ao serviço, o INE destaca na variação do investimento em 2018 “o contributo positivo mais significativo” (3,6 pontos percentuais) das empresas com 500 ou mais pessoas ao serviço, reflectindo um crescimento de 9,9%.

Nas empresas mais exportadoras da indústria transformadora, estima-se que o investimento tenha aumentado 6,1% em 2018, um crescimento “mais intenso” que o do conjunto das empresas desta secção (2,6%) e que o registado para o total das empresas (1,9%).

Por outro lado, em 2019 perspectiva-se uma diminuição de 2,3% do investimento empresarial nas empresas exportadoras, um decréscimo ainda assim menos expressivo do que o previsto para toda a secção de indústrias transformadoras (-6,6%).

Numa análise por actividade económica, verifica-se que em 2018 o aumento da FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) empresarial (1,9%) deveu-se ao contributo positivo de oito das 13 secções de actividade económica inquiridas, destacando-se o “contributo positivo mais acentuado” (2,1 pontos percentuais) da secção de actividades financeiras e de seguros, em resultado de um crescimento de 56,3%.

Em 2019, ano para o qual está previsto um crescimento de 4,4% do investimento, os resultados apontam para que oito das 13 secções apresentem taxas de variação positivas da FBCF empresarial, com destaque para os transportes e armazenagem (contributo de 3,5 pontos percentuais e taxa de variação de 42,6%).

O autofinanciamento é a principal fonte de financiamento para o investimento das empresas inquiridas, representando 67,1% e 65,6% do total em 2018 e 2019, respectivamente.

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