Inclusão vai ser a medida principal para avaliar as escolas

Novo ciclo da avaliação feita pela Inspecção-Geral da Educação e Ciência começa em Maio. Mais critérios serão usados para analisar o desempenho das escolas.

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Secretário de Estado da Educação garante que escolas serão mais acompanhadas Fabio Augusto

O novo ciclo da avaliação externa das escolas, que se iniciará em Maio, vai ter na inclusão “o indicador-chave” para a análise das práticas dos estabelecimentos de ensino, anunciou nesta quarta-feira o secretário de Estado da Educação, João Costa.

Será o terceiro ciclo da avaliação conduzida pela Inspecção-Geral da Educação e Ciência (IGEC), um procedimento que se iniciou em 2006 e que, segundo João Costa, para além dos resultados nos exames, vai passar a integrar o trabalho desenvolvido pelas escolas no âmbito das novas políticas educativas iniciadas pela actual tutela, bem como os novos indicadores que têm sido desenvolvidos pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC).

“Uma escola é muito mais do que o resultado dos exames”, frisou o secretário de Estado. Para existir inclusão, “não basta aprender, é preciso que todos aprendam” e que estas “aprendizagens sejam reais”, afirmou. João Costa adiantou que para “medir” a inclusão já existem indicadores que foram desenvolvidos nos últimos anos pela DGEEC, como é o caso dos chamados percursos directos de sucesso.

Através deste indicador, com base no qual o PÚBLICO tem feito, anualmente, um ranking alternativo que acompanha a ordenação tradicional a partir das notas dos alunos nos exames, é possível constatar, por exemplo, se uma escola tem como prática reter os estudantes, de modo a só levar os melhores a exame e assim obter um lugar de destaque na listagem por notas nas provas nacionais. Ou também avaliar se à entrada dos ciclos de ensino selecciona os alunos com base nos seus resultados académicos anteriores. Por via destas duas práticas, uma escola terá provavelmente um lugar de destaque nos rankings tradicionais, mas sairá mal no retrato produzido pelos percursos directos de sucesso e, a partir de agora, sairá mal também na avaliação feita pela IGEC.

João Costa lembrou que, com os dados já existentes, é igualmente possível comparar os resultados de alunos de contextos socioeconómicos semelhantes. Esta radiografia tem estado na base de más notícias quanto ao desempenho das escolas, uma vez que tem confirmado que o sucesso escolar continua a ser determinado em grande medida pelo meio de origem das crianças e dos jovens.

Equipas mais amplas

O secretário de Estado adiantou que para avaliar a inclusão terão de ser desenvolvidas “métricas qualitativas” que funcionem a par dos indicadores estatísticos existentes e que permitam, por exemplo, apurar o trabalho que é desenvolvido pelas escolas com alunos de outras etnias. Segundo João Costa, a avaliação da IGEC terá assim também de ser feita muito com base “na observação das práticas seguidas pelas escolas e não numa análise apenas documental”.

O objectivo final, sublinhou, continua a ser o que presidiu aos outros dois ciclos de avaliação: induzir as escolas a adoptarem melhores práticas. Com uma diferença, no período intercalar entre avaliações, serão desenvolvidos “mecanismos para acompanhar as escolas com uma avaliação menos satisfatória”. Não foram especificados quais.

As equipas de avaliação para além dos inspectores da IGEC deverão também passar a integrar “pessoas que já exerceram funções em escolas”, numa lógica de “avaliação entre pares”, comunicou João Costa.

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