Pedro Santana Lopes grava vídeo dirigido a António Costa

O líder da Aliança refere-se a dois países: o que António Costa referiu na sua mensagem de Natal e o outro, que ele - Pedro Santana Lopes - conhece e vê todos os dias.

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Pedro Santana Lopes Nuno Ferreira Santos

Não é exactamente uma mensagem de Ano Novo, dirigida a todos os portugueses, mas funciona como se fosse. Pedro Santana Lopes gravou, e partilhou no Youtube neste domingo, um vídeo em que se dirige a António Costa para lhe dizer que "a sua visão da governação do país está errada".

Em pouco mais de oito minutos, o líder do novo partido Aliança acusa António Costa de viver num "país diferente" daquele em que ele próprio vive e de "não apostar no crescimento económico, tratar mal as empresas e os empresários e não atrair investimento que permite criar riqueza e que torna menos exigível tanto corte na despesa e no investimento público".

"Há dois países diferentes, aquele de que o senhor primeiro-ministro falou na mensagem de Natal, quando dizia que temos de alargar a melhoria das condições de vida a mais portugueses, e o outro, aquele em que cada vez mais portugueses têm pouco acesso ou nenhum acesso a bens essenciais", disse Pedro Santana Lopes na mensagem entretanto noticiada pelo Observador, concluindo: "Tudo isto tem de levar uma grande volta".

Santana começa por explicar que fala "na qualidade de líder da Aliança", o novo partido e logo aproveita para lançar uma farpa a Marcelo Rebelo de Sousa. "Espero que não faça como o senhor Presidente da República que para a marcação da data das eleições só recebeu os partidos que já têm assento parlamentar quando muitos outros vão disputar as eleições e por isso devem ser ouvidos", disse, pedindo a Costa que considere aquilo que tem para lhe dizer.

"Ouvi a sua mensagem de Natal com uma árvore muito grande, reluzente, num cenário mais próprio de Hollywood, em que falou do que tem corrido bem, do que considera serem as proezas do seu Governo e dos avanços de Portugal. Teria feito mais sentido se fosse capaz de reconhecer aos portugueses tudo o que se tem passado de triste, de estranho de lamentável", aconselhou Santana.

Para o líder da Aliança, Costa escolheu esquecer as tragédias das estradas que caem, dos eléctricos que se viram, os helicópteros que se despenham, dos incêndios, dos barcos que param a atravessar o rio, dos comboios que recebem instruções para andar quando tudo está degradado nas linhas de caminho-de-ferro, do aeroporto esgotado... "Em todo o lado têm acontecido problemas. Tudo isso tem custado vidas", lamentou Pedro Santana Lopes. "É fruto do acaso, de coincidências?"

"A questão é esta", conclui Santana: "o senhor devia ter reconhecido que as opções que fez para ter défice zero ou para sentar o doutor Centeno na cadeira de presidente da Eurozona fizeram o povo português passar por situações inaceitáveis, inadmissíveis".

Sem se alongar sobre a "enorme carga fiscal, a asfixia" e sobre o facto de "a economia crescer mas a folga orçamental não servir para diminuir impostos", Santana Lopes preferiu referir-se aos problemas concretos dos portugueses e questionar Costa sobre a razão de não se falar sobre eles. "De facto, vive num país diferente do meu, se não teria de reconhecer, por exemplo, a questão das infecções hospitalares. Sabem que morrem mais de 1000 pessoas por ano, cerca de três por dia, por problemas que estão dentro dos hospitais?"

Mais do que uma resposta do primeiro-ministro, o líder do partido Aliança quer trazer assuntos como estes para a praça pública. "Onde é que se fala disto no país?", pergunta.

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