Primeiro dia de greve nos Registos e Notariado com adesão de 90%

Em comunicado, o STRN esclarece que "a paralisação nacional do sector dos Registos e do Notariado acontece como forma de pressão para que o Governo abra concursos, internos e externos, com regras mais transparentes e objectivas".

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enric vives rubio

A greve dos trabalhadores dos Registos e Notariado registou nesta quarta-feira "uma adesão de 90%", segundo o sindicato do sector. "O descontentamento dos trabalhadores é enorme e isso reflecte-se na adesão a esta greve, que até este momento é de 90% do universo total dos trabalhadores", disse no Porto aos jornalistas o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e do Notariado (STRN), Arménio Maximino.

De acordo com o sindicalista, a paralisação que começou nesta quarta-feira e se prolonga até sexta-feira deve-se à discordância com "cinco diplomas" da revisão legislativa do sector proposta pelo Governo e a "reivindicação de "critérios objectivos e transparentes para todos os trabalhadores".

"Temos uma legislação que remonta a 1979. O Governo foi incumprindo sucessivamente leis do Orçamento do Estado e chegamos ao fim da legislatura com cinco diplomas ainda por negociar", explicou Arménio Maximino.

De acordo com o presidente do sindicado, os trabalhadores contestam "as portarias que vêm regular os concursos", por considerarem necessária "uma formação específica para que os novos candidatos a ingressar nas carreiras o façam com formação adequada". "O Governo faz uma proposta colada às carreiras gerais", lamentou.

Para o presidente do STRN, também "os critérios para os concursos são muito pouco objectivos o que leva até a uma certa opacidade".

"Queremos critérios objectivos e transparentes para todos os trabalhadores. Acima de tudo, queremos que os concursos externos não tenham os lugares previamente definidos", afirmou.

Arménio Maximino destacou ainda a "falta de efectivos", devido ao "défice de 1500 trabalhadores".

"Estamos a falar de mais de 30% do total de trabalhadores. Estes diplomas são fundamentais para abrir os concursos externos", justificou.

O responsável criticou ainda os critérios para os serviços mínimos decretados durante a paralisação.

"É inexplicável. Há uma tradição secular para assegurar testamentos e casamentos na iminência de morte de uma das partes. Sempre foi assim. No entanto, pretendeu-se aumentar os serviços munimos e os meios para os assegurar", observou.

Para o sindicalista, os serviços mínimos não respeitaram "os critérios proporcionalidade".

Em comunicado, o STRN esclarece que "a paralisação nacional do sector dos Registos e do Notariado acontece como forma de pressão para que o Governo abra concursos, internos e externos, com regras mais transparentes e objectivas".

"Não há concursos há mais 16 anos e o sector, segundo números oficiais, carece de mais de 30% de efectivos. Ou seja, prefigura-se no que se designa por falência técnica, o que tem contribuído para uma prestação deficitária aos utentes que recorrem a estes serviços", acrescenta.

De acordo com o STRN, a greve "por mais funcionários faz-se para que se tente salvar, em última instância, o funcionamento do próprio sector dos Registos e Notariado (principal fonte de receita do Ministério da Justiça)".

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