Jornalista da Der Spiegel desviou fundos destinados a crianças sírias

Revista alemã apresentou queixa-crime contra jornalista que inventou ou manipulou várias reportagens. Claas Relotius é agora também suspeito de burla.

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LUSA/GERT KRAUTBAUER

A revista alemã Der Spiegel anunciou este domingo que vai avançar com uma queixa-crime contra Claas Relotius, o premiado repórter germânico caído em desgraça esta semana depois de a publicação ter revelado que falsificou vários trabalhos jornalísticos. A queixa relaciona-se concretamente com a suspeita de que o jornalista de 33 anos terá organizado uma falsa recolha de fundos para crianças sírias que, na verdade, teria como destino a própria conta bancária.

Na origem da aparente burla está uma das reportagens premiadas de Relotius cuja veracidade é agora posta em causa – um trabalho publicado em 2016 sobre duas crianças sírias órfãs refugiadas na Turquia, sobre o qual recaem inúmeras dúvidas.

A descrição da vida destas duas crianças era de tal forma dramática que inúmeros leitores da revista alemã contactaram Relotius para perguntar como poderiam enviar donativos para ajudar os jovens refugiados.

De acordo com o que a Der Spiegel revela agora, o jornalista é suspeito de ter recebido donativos na sua própria conta bancária, e de nunca os ter entregado a quaisquer crianças refugiadas, tal como tinha prometido.

Relotius é ainda acusado de, mais tarde, ter dito que ajudou estas duas crianças a serem adoptadas na Alemanha – o que é desmentido pelo fotógrafo turco que trabalhou com o jornalista em 2016, que diz que pelo menos uma das crianças continua a viver na Turquia.

O caso Relotius está a abalar a imprensa germânica e a reputação de uma das suas mais conceituadas publicações, que já veio pedir desculpa aos seus leitores e a todos os visados pelas histórias falsas do seu jornalista.

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