No congresso de Begonha, o pedro-nunismo saiu vencedor

Costa apareceu em vídeo, mas foi Pedro Nuno Santos a figura que marcou a reunião magna da JS que elegeu Maria Begonha como secretária-geral.

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O XXI Congresso Nacional da Juventude elegeu, neste domingo, Maria Begonha como secretária-geral da Juventude Socialista (JS), com 72% dos votos. A reunião magna dos jovens socialistas, que decorreu em Almada, deu uma vitória folgada à candidata única à liderança, apesar dos 63 votos brancos e nulos.

No discurso de vitória, Maria Begonha, cuja candidatura ficou marcada por erros no seu currículo, garantiu que será “a secretária-geral de todos” e que espera “escrutínio público”, mas insurgiu-se contra quem, “sem rosto”, quer fazer “tombar” JS . Para a nova secretária-geral, este congresso chega ao fim com “uma JS mais forte, unida e coesa”.

Ao fim de uma dezena de minutos com agradecimentos intervalados por aplausos dos congressistas, a candidata focou-se nas propostas: melhor habitação, combate à precariedade, mais educação.

A nova líder dos jovens socialistas realçou os feitos deste Governo e disse ter “orgulho na ‘geringonça’”, que vai “persistir” nos seus objectivos “até vencer”.

Maria Begonha é a 13.ª secretária-geral da JS e a terceira mulher à frente da estrutura, depois de Margarida Marques (1981-1984) e de Jamila Madeira (2000-2004).

Já Carlos César fez um discurso que não entusiasmou a plateia juvenil. Depois dos cumprimentos iniciais, em que o líder parlamentar ressalvou o legado da JS dentro do PS, as cabeças foram baixando em direcção aos ecrãs dos telemóveis. O presidente do PS falava dos feitos da governação socialista, apontando o dedo ao anterior Governo que tornou a “juventude no sector mais desperdiçado” do país.

Apesar de ressalvar os resultados positivos alcançados, Carlos César disse ser “fundamental não ficar pela satisfação, como se tivéssemos passado do inferno para o céu”. E acrescentou: “Para os mais crentes nessas transições na geografia dos afectos extraterrestres, nós estamos ainda no purgatório, mas vê-se ao longe a luz de um tempo melhor.”

Para os parceiros que dão o apoio parlamentar ao Governo, César deixou o aviso de que “não há alternativa à esquerda em Portugal sem o PS” e afirmou que “esta experiência governativa deve ser repetida para bem de todos os portugueses”, mas assegurou aos congressistas que “nem o BE, PCP, ou PEV têm mais ambição que o PS ou a JS”. 

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Carlos César com Maria Begonha Nuno Ferreira Santos

Já António Costa, que justificou a sua ausência por estar com os militares portugueses no estrangeiro, apareceu em vídeo a destacar os avanços feitos pelo Governo nas políticas de juventude e educação.

JS alinhada com “pedro-nunismo”

A moção global de estratégia da nova secretária-geral enquadra-se ideologicamente na ala mais à esquerda no PS, conhecida por “pedro-nunismo”: defende “mais Estado” e quer o reforço dos direitos laborais.

Begonha é defensora da “propina zero”, de uma tarifa de água única para todo o país e da nacionalização das “infra-estruturas nos sectores energéticos”. Da moção consta ainda a defesa da legalização da morte medicamente assistida, o fim dos apoios públicos à tauromaquia ou o encerramento das centrais de carvão de Sines e do Pego até 2025.

No discurso ao congresso neste sábado, Pedro Nuno Santos tinha defendido que “se largasse a ideologia ‘start-upiana’” e que a JS não se esquecesse de “falar para os novos operários do século XXI”, admitindo que, “por toda a Europa”, os socialistas deixaram de falar para os “derrotados da globalização”.

O secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares mostrou-se “surpreendido” pela reunião magna da JS estar a ser “tão calma” . Tendo ido buscar à memória os tempos em que, aquando da sua liderança da JS (2004-2008), “o combate era feito olhos nos olhos”, apontou o dedo a quem falava nas redes sociais, mas não tinha dado a cara no congresso.

Providência cautelar analisada esta segunda-feira

Na sexta-feira à noite, segundo o Observador, deu entrada no juízo central cível de Lisboa uma providência cautelar assinada pelo militante João Tiago Pinto que pede “a suspensão de deliberações sociais da comissão nacional e da comissão nacional de jurisdição”. Este documento deve ser analisado nesta segunda-feira e pode levar à anulação das decisões tomadas no congresso. Em causa está a falta de quórum da reunião da comissão nacional que marcou o congresso e o “bom nome da JS e do próprio PS”.

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