Trump anuncia saída do secretário do Interior depois de uma série de escândalos

Ryan Zinke é alvo de uma série de investigações sobre gastos indevidos e possível abuso da sua posição em negócios pessoais.

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Zinke foi um dos mais activos membros da Administração Trump Reuters/Joshua Roberts

O secretário do Interior de Donald Trump, Ryan Zinke, vai deixar o cargo no fim do ano, anunciou o Presidente americano, escrevendo no Twitter que a sua Administração vai nomear um substituto na próxima semana. O Presidente não apresentou nenhum motivo para mais este abandono de um alto cargo numa já longa lista, mas o ex-congressista do Montana tem sido alvo de uma série de investigações, do uso alegadamente indevido de voos charters a um negócio imobiliário suspeito.

“Ryan cumpriu muito do que tinha a fazer e quero agradecer-lhe pelo seu serviço à nossa nação”, escreveu ainda Trump, horas depois de ter finalmente anunciado o seu novo chefe de gabinete, Mick Mulvaney, que era até aqui o director do gabinete de Gestão de Orçamento e, a título interino, director do gabinete de Protecção Financeira do Consumidor.

Mulvaney susbtitui John Kelly, general na reserva que abandonou o cargo no dia 8, após sucessivos desentendimentos com o Presidente e com a relação entre ambos tão deteriorada que terão deixado de se falar.

Zinke chefiava o Departamento do Interior desde o início de 2017, seguindo a agenda de Trump para promover a extracção de petróleo e a exploração mineira de carvão, aumentando os programas de empréstimos federais para estas áreas e aligeirando a protecção dos solos – há um ano, Trump ordenou a maior redução de reservas protegidas na história do país, meses depois de ter autorizado a prospecção petrolífera no Árctico e no Atlântico.

O ainda secretário do Interior foi um dos mais activos membros da Administração e tornou-se tanto alvo das críticas de grupos ambientalistas e conservacionistas como dos elogios da indústria da energia e mineira. Mas os críticos também questionavam a ética dos seus comportamentos, incluindo alguns que desencadearam investigações governamentais.

Em Julho, o Gabinete do Inspector Geral do Interior lançou um inquérito a uma negociação de terras entre uma fundação criada por Zinke e um grupo de desenvolvimento apoiado pelo presidente do gigante petrolífero e da logística Halliburton, que tem negócios com o Departamento do Interior. Já em Outubro, o inquérito passou para as mãos do Departamento da Justiça, onde poderá dar origem a uma investigação criminal.

Monumentos e casinos

Há duas investigações ainda a decorrer no Gabinete do Inspector Geral: uma sobre se o Departamento redesenhou os limites de um monumento nacional no Utah para beneficiar um congressista estatal que é dono da propriedade localizada ao lado; outra para averiguar se a decisão de proibir casinos propostas por duas tribos do Connecticut, contrariando as recomendações do seu staff, foi influenciada por um encontro que teve com lobistas da MGM Resorts International, que tem casinos na região.

Zinke também já foi investigado pelas suas despesas de viagem, por ter levado os seus serviços de seguranças numas férias da família na Grécia e na Turquia e por gastar 12 mil dólares num avião privado depois de uma reunião com uma equipa de hóquei.

“Ryan Zinke era um dos membros mais tóxicos do gabinete por causa da forma como tratou o nosso ambiente, as nossas preciosas reservas e pelo modo como tratou o governo como o seu próprio pote de mel”, reagiu o líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer.

Trata-se do nono responsável da Administração a deixar o seu posto desde que Trump tomou posse, há menos de dois anos. Os últimos foram o attorney-general [equivalente a ministro da Justiça] Jeff Sessions, em Novembro; e o chefe da Agência de Protecção Ambiental, Scott Pruit, em Julho.

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