Sindicatos afectos à RTP pedem reunião urgente do Governo após aprovação de greve

Uma das críticas é ao facto de o conselho de administração da RTP se dispor “a gastar mensalmente, com as duas mais recentes contratações, quase a mesma verba que propõe para o aumento salarial de todos os trabalhadores”.

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Gonçalo Reis é o presidente do Conselho de Administração da RTP Miguel Manso

Os sindicatos representativos dos trabalhadores da Rádio e Televisão de Portugal (RTP) anunciaram nesta quinta-feira que já estão a organizar a greve aprovada pelos trabalhadores, e já pediram uma reunião “de urgência” ao ministro das Finanças, Mário Centeno.

Na quarta-feira, os trabalhadores da RTP aprovaram, em plenário, a realização de uma greve como forma de luta depois da resposta da administração ao caderno reivindicativo “ter sido claramente abaixo” do esperado, disse fonte do Sindicato dos Jornalistas à Lusa. Em causa estão os aumentos salariais dos trabalhadores da estação pública, congelados há dez anos, a perspectiva de requalificação dos profissionais ou a demora da integração dos precários como efectivos.

Esta quinta-feira, num comunicado conjunto, O Sindicato dos Jornalistas, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações e Audiovisual (Sinttav), o Sindicato Independente dos Trabalhadores da Informação e Comunicações (SITIC), o Sindicato dos Trabalhadores de Telecomunicações e Comunicação Audiovisual (STT) e o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) indicam que “o plenário mandatou” estas estruturas para ”constituírem uma comissão de greve que, num curto prazo, irá estudar como se vai organizar e concretizar esta estratégia”.

Ainda não existe, por isso, data nem modelo definido para a greve. Antes desta decisão, estes sindicatos afectos à RTP já tinham entregado pré-avisos de greve. Além disso, “os sindicatos decidiram pedir uma reunião de urgência ao ministro das Finanças”, Mário Centeno, bem como ”complementar com outros pré-avisos de greve, para ampliar as formas de luta e assegurar a defesa dos interesses e dignidade dos trabalhadores”.

“Os trabalhadores consideram inaceitável a última proposta do conselho de administração da RTP que, entre outras medidas, propõe um aumento de dez euros na tabela salarial, após dez anos de congelamento”, assinalam as estruturas no comunicado conjunto. Acresce que, continuam, “o conselho de administração da RTP também não respondeu de forma satisfatória quer aos pedidos de reenquadramento dos trabalhadores do quadro, quer às medidas necessárias para a regularização da situação dos trabalhadores precários, constantes do caderno reivindicativo”.

“Os trabalhadores da rádio e televisão públicas recordam que nos últimos anos assistiram a vários pedidos de excepção para a entrada na empresa ou valorização salarial de quadros directivos”, pelo que “não entendem a contínua duplicidade de critérios de gestão”, alegam, entendendo ser “inaceitável que o conselho de administração da RTP se disponha a gastar mensalmente com as duas mais recentes contratações quase a mesma verba que propõe para o aumento salarial de todos os trabalhadores”, isto numa alusão à entrada de Helena Garrido e de Cândida Pinto para a direcção de informação da estação pública.

“O combate à desigualdade salarial não pode ser só uma bonita declaração de princípios – deve ser prática de uma empresa que se quer socialmente mais justa e respeitadora dos seus trabalhadores”, concluem os sindicatos.

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