Chineses tapam protesto de activistas pela libertação do Tibete

Quatro manifestantes pelo Tibete livre foram empurrados por chineses empunhando bandeiras e faixas com as quais tentavam tapar o miniprotesto. A segurança chinesa chamou a polícia portuguesa, que afastou todos da rua junto aos Jerónimos.

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Público

Uma minimanifestação de activistas pelo Tibete livre foi abafada quando tentava levantar as bandeiras daquele território ocupado na Rua de Belém, durante a passagem da comitiva chinesa entre a Praça do Império e o Palácio de Belém. Houve encontrões e troca azeda de palavras e até a intervenção de um segurança da comitiva chinesa que mandou chamar a polícia portuguesa.

Os quatro manifestantes portugueses do Grupo de Apoio ao Tibete tinham uma bandeira e dois cartazes onde se lia “Free Tibet” e já tinham sido “convidados” a retirar-se da zona da Praça do Império, onde o Presidente chinês, Xi Jinping, foi recebido por Marcelo Rebelo de Sousa no início da sua visita de Estado a Portugal. Foram colocar-se no passeio junto à paragem de autocarros quando, já no fim da recepção oficial ao chefe de Estado chinês, meia dúzia de manifestantes chineses foram chamados a correr para tapar, literalmente, os activistas lusos.

Os jovens chineses colocaram-se à frente dos portugueses com duas grandes bandeiras e faixas de boas vindas a Xi Jinping, num momento que acabou por ser de tensão entre os dois grupos. Surgiram também elementos da segurança chinesa que tentavam intimidar os presentes e acabaram por chamar a polícia. Alguns turistas que se encontravam na paragem intervieram também, dizendo que Portugal era um país livre onde o direito à manifestação era reconhecido, enquanto elementos da segurança chinesa fotografavam os portugueses, mas impediam os presentes de os fotografarem.

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Em poucos minutos, quatro motorizadas da PSP com dois agentes cada, uma carrinha da polícia e vários agentes a pé chegaram ao local, mas não fizeram o que lhes era pedido: identificar e retirar os manifestantes portugueses do local. Antes mandaram retirar dali todos os envolvidos no episódio, lusos e chineses, para uma rua mais afastada.

Foi a única situação de tensão que decorreu no início desta visita de Estado, toda ela rodeada de altas medidas de segurança como raramente se vêem em Portugal. Toda a Praça do Império estava cercada de polícia, com baias que mantinham os transeuntes a uma distância considerável, snipers em cima do Mosteiro dos Jerónimos e até um drone a vigiar toda a zona. Mesmo as muitas dezenas de chineses residentes em Portugal que quiseram ver o seu Presidente de perto foram afastados para além do habitual: na Praça do Império, as baias foram colocadas junto à fonte luminosa, enquanto a comitiva era recebida em frente ao mosteiro.

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Enormes bandeiras e faixas vermelhas eram empunhadas a toda a volta da zona e ouviam-se gritos e palavras de ordem que foram traduzidas ao PÚBLICO por um jornalista chinês: “Calorosas boas-vindas, Presidente Xi.”

A visita do Presidente chinês foi preparada com mais de dois meses de antecedência, com a segurança como preocupação fundamental. Na segunda-feira, quando viram o programa da visita oficial divulgada pela Presidência da República, os membros da segurança chinesa ficaram muito preocupados. Fonte da Polícia Municipal de Lisboa disse ao PÚBLICO que a presença do líder chinês obrigou ao aumento do nível de segurança na capital.

Os condicionalismos impostos ao trânsito e até à circulação pedonal nas zonas onde passa a comitiva são um sinal claro dessa preocupação. Desde as 14h30 de terça-feira foi totalmente encerrada a circulação na Rua de São Bento, junto à Assembleia da República, onde o presidente Xi é recebido na quarta-feira de manhã.

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