Governador do Rio de Janeiro detido por corrupção e lavagem de dinheiro

Luiz Pezão é detido a apenas um mês de terminar o mandato. Procuradora-geral diz que foi necessária detenção, no âmbito da operação Lava-Jato, porque "estão a acontecer crimes muito graves".

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Pezão foi detido na manhã desta quinta-feira na sede do governo local EPA/MARCELO SAYAO

O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando de Souza, conhecido como "Pezão", foi detido na manhã desta quinta-feira por ter em curso uma operação de lavagem de dinheiro relacionada com crimes de corrupção - em Abril foi acusado de receber subornos.

"Pezão" foi detido no Palácio das Laranjeiras, sede do governo estadual, por ordem do Supremo Tribunal de Justiça. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, justificou a decisão de o deter neste momento: "O crime de lavagem de dinheiro ainda está em curso". Dodge explicou que a lavagem de dinheiro ocorre depois da corrupção.

"Pezão", alvo das investigações da mega operação anti-corrupção Lava Jato,  é suspeito de integrar o "núcleo político de uma organização criminosa que, ao longo dos últimos anos, cometeu vários crimes contra a Administração Pública, com destaque para a corrupção e lavagem de dinheiro”.

De acordo com a justiça brasileira, há indícios de práticas criminosas por parte de "Pezão" desde 2007, altura em que ocupava o cargo de secretário do governo estadual para as obras públicas, na administração do governador Sérgio Cabral, também ele preso por corrupção.

As operações ilícitas terão continuado quando chegou a vice-governador e quando Cabral foi afastado da liderança do esquema criminoso, ao ser detido e julgado. "Pezão" terá dado apoio político a outros membros da organização e, por isso, terá recebido "valores vultosos, desviados dos cofres públicos e que foram objecto de posterior lavagem”.

De acordo com a justiça brasileira, o governador do Rio de Janeiro terá operado um “esquema de corrupção próprio, com os seus próprios operadores financeiros”, cita o site UOL.

Entre 2007 e 2015, o governador terá recebido pelo menos 150 mil reais por mês, fora outros pagamentos extra, diz o jornal O Estado de São Paulo. No total, terá recebido mais de 25 milhões de reais (mais de cinco milhões de euros) – valor que, actualizado face à inflação, ascende a 39 milhões de reais (oito milhões de euros). Um valor que, de acordo com a procuradoria-geral da república, é incompatível com o património declarado por "Pezão" e que vai ser apreendido.

"Pezão" não deve ser o único a ser detido nesta quinta-feira. Há pelo menos mais oito mandados de detenção em nome de responsáveis do govenro estadual e não só. Entre os visados estão José Iran Peixoto Júnior, secretário de obras, Afonso Alves Da Cruz, secretário de Governo, Luiz Vidal Barroso, da secretaria da Casa Civil e Desenvolvimento Económico e Marcelo Santos Amorim, sobrinho do Governador, assim como vários sócios das empresas JRO. 

A detenção acontece três semanas depois de dez deputados da Assembleia Estadual do Rio de Janeiro terem também sido detidos por suspeita de corrupção.

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