Carlos Ghosn afastado da liderança da Nissan

Suspeitas de fraude fiscal levam grupo automóvel nipónico a decidir retirar a confiança ao gestor.

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O número dois de Ghosn também foi afastado pelo conselho de administração Reuters/TORU HANAI

O conselho de administração da Nissan decidiu retirar a confiança a Carlos Ghosn para estar à frente da empresa. O gestor, detido em Tóquio na segunda-feira por suspeitas de fraude fiscal e outras irregularidades, deixou de ser presidente do conselho de administração da fabricante de automóveis japonesa.

A decisão foi comunicada à Bolsa de Tóquio às 21h30 locais (12h30 em Lisboa), depois de uma reunião do conselho de administração, onde foi decidido afastar também Greg Kelly, número dois de Ghosn.

A Nissan garante que a aliança com a Renault “permanece inalterada”, mas afirma que os membros do conselho de administração reconheceram ser preciso “minimizar o impacto potencial e a confusão na cooperação diária com os parceiros da aliança” do grupo automóvel.

Caberá agora a um comité liderado por Masakazu Toyoda, onde também terão assento Keiko Ihara e Jean-Baptiste Duzan, propor as nomeações para o lugar de presidente da administração. Os media nipónicos avançam ainda que Hiroto Saikawa, actual director-geral, presidente e presidente-executivo da Nissan Motor, deverá ser nomeado ainda esta quinta-feira, para liderar o conselho de administração até ser convocada a próxima assembleia-geral de accionistas do grupo construtor.

Os investigadores do caso deram nesta quinta-feira uma conferência de imprensa em Tóquio sobre o inquérito. Shin Kukimoto, procurador-adjunto do Ministério Público, afirmou que o juiz autorizou a detenção de Goshn por dez dias, mas não quis comentar se o gestor, ao ser interrogado, admitiu ou não ter cometido as situações de fraude financeira das quais é suspeito, refere a Reuters.

Ghosn, até aqui líder da Renault-Nissan-Mistubishi, já tinha visto a Renault a entregar o poder, de forma transitória, ao número dois do grupo francês, Thierry Bolloré, que esta semana assumiu o lugar de vice-CEO.

O Estado francês tem 15% do capital da Renault e, logo na terça-feira, o ministro francês da Economia e das Finanças, Bruno Le Maire, considerou que Carlos Ghosn deixou de ter “condições de liderar a Renault”.

As acções da Nissan Motor fecharam a sessão de 22 de Novembro na bolsa de Tóquio – cuja negociação já foi encerrada – a valorizar 0,78%, para 961,5 ienes (74,71 euros ao câmbio actual).

Sem “consequências” em Portugal

À Lusa, a Renault Portugal disse que a saída de Ghosn não terá “consequências” na operação do grupo no país. “Não comentamos o que está a acontecer. Estamos aqui em Portugal com operações, as operações são portuguesas, são do grupo Renault, não vão ter consequências do que está a acontecer”, afirmou à agência de notícias o diretor-geral da Renault Portugal, Fabrice Crevola.

Falando à margem do lançamento oficial da Fundação Grupo Renault Portugal, que decorreu no campus da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, em Carcavelos, no concelho de Cascais, o responsável acrescentou: “Depois o futuro dirá o que vai acontecer, mas não vamos comentar”.

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