CDS quer ouvir Lucília Gago e Marques Vidal sobre Tancos

Para os centristas, há nomes incontornáveis pelos cargos que ocupam e pelas responsabilidades que lhes foram cometidas.

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Joana Marques Vidal com Lucília Gago Miguel Manso

A lista de audições do CDS-PP para a comissão parlamentar de inquérito aos acontecimentos de Tancos ainda não está definida, mas o PÚBLICO sabe que a actual procuradora-geral da República, Lucília Gago, será chamada. Do mesmo modo, a sua antecessora no cargo, Joana Marques Vidal, também consta da convocatória dos centristas.

Joana Marques Vidal já tinha revelado a sua disponibilidade para ser ouvida no que definiu como “instâncias próprias”. A propósito de uma informação veiculada pela RTP de que a então procuradora terá telefonado ao ex-ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, um dia após o aparecimento das armas roubadas em Tancos, Marques Vidal foi peremptória. "Não vou confirmar ou infirmar o que uma testemunha prestou ou terá prestado, no âmbito de um inquérito que está em investigação e que está em segredo de justiça. Estou pronta para esclarecer no local próprio, quando me quiserem convocar as entidades com competência para tal", declarou. Segundo a RTP, no telefonema a Azeredo Lopes a então procuradora terá demonstrado desagrado por a Polícia Judiciária Militar (PJM) continuar a investigar o caso, numa altura em que a investigação já tinha passado para a alçada da Polícia Judiciária.

Marques Vidal e Lucília Gago são consideradas, pelos centristas, personalidades incontornáveis para serem ouvidas na “comissão parlamentar de inquérito sobre as consequências e responsabilidades políticas do furto do material militar em Tancos”, a designação da iniciativa parlamentar. Neste mesmo patamar de inevitabilidade, consta, ainda, o primeiro-ministro, António Costa, que já se prestou a declarar por escrito aos deputados.

Embora durante esta semana ainda decorram várias reuniões para decidir mais convocados, que deverão ser anunciados até ao fim-de-semana, os centristas têm claro outros nomes que consideram imprescindíveis. Do antigo ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes e do seu primeiro chefe de gabinete, tenente-general Martins Pereira, ao actual titular da pasta, João Gomes Cravinho, passando pelo ex-chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte, e quem o substituiu, general José Nunes da Fonseca.

Este mesmo critério é seguido para o antigo responsável da PJM, coronel Luís Vieira, que se encontra em prisão preventiva, e o novo director daquela polícia, o capitão-de-mar-e-guerra Paulo Isabel. O major Vasco Brazão, em prisão domiciliária e coordenador da investigação da PJM a Tancos, também vai à comissão parlamentar, a solicitação dos centristas.

Graça Mira Gomes, secretária-geral do SIRP [Sistema de Informações da República Portuguesa] e Helena Fazenda, secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, são outras das responsáveis a serem ouvidas. A estes se deverão juntar outros nomes decorrentes das audições.

Como o PÚBLICO já revelou em anterior edição, o Presidente da República não será ouvido, por o objecto da comissão parlamentar ser a fiscalização da acção do Governo. E, mesmo que fosse possível, os centristas descartariam chamar Marcelo. Do mesmo modo, também não está prevista a audição do antigo chefe da Casa Militar de Belém, tenente-general José Ramirez Cordeiro que, a seu pedido, foi exonerado daquelas funções no final de Dezembro de 2017.

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