Renato bem tentou mas faltou cabeça a William

Portugal não evitou igualdade ditada por um penálti que deixou a equipa reduzida a dez, frente a uma Polónia satisfeita com um ponto importante para o futuro próximo.

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LUSA/HUGO DELGADO

Com o futuro perfeitamente definido na Liga das Nações, Portugal esteve longe de ser perfeito no encerramento das contas do Grupo 3, cedendo um empate (1-1) com impacto directo na definição do top 10, ao permitir que a Polónia reclamasse o estatuto de cabeça de série da Alemanha para o sorteio da fase de grupos do próximo Europeu. A igualdade acabou por ser um mal menor perante um adversário que só não queria perder neste regresso a Portugal — uma década depois de outra igualdade (2-2) — e que apenas logrou marcar de penálti, a castigar um erro de William (atraso desastrado de cabeça) que Danilo foi forçado a emendar com uma falta que lhe valeu a expulsão.

Até esse minuto 64’, a Polónia tinha mostrado os dentes num par de lances em que enviou uma bola à barra e obrigou Beto a aplicar-se, destacando-se sobretudo pela agressividade e combatividade. Para rebater os argumentos do último classificado do grupo, já com bilhete para a Liga B, Fernando Santos idealizou um dispositivo com dois laterais esquerdos de raiz, confiando a Raphael Guerreiro o ataque à profundidade que Portugal só conseguiu explorar no flanco oposto: João Cancelo desmultiplicava-se numa missão solitária e ingrata, já que Rafa Silva parecia algo deslocado, possivelmente afectado pelo golo que negara a Renato Sanches, ao travar o primeiro remate perigoso do companheiro.

A dinâmica da selecção nacional dependia e vivia, em grande medida, das investidas e mudanças de velocidade do médio do Bayern, o mais rematador e disponível para acompanhar os movimentos de André Silva. Foi da combinação desta dupla, num lance de bola parada (um pontapé de canto), que nasceu o golo inaugural, com um cabeceamento perfeito do avançado do Sevilha (34’).

Apesar do golo, o meio-campo português nunca se mostrou muito confortável. Ao falhar as duas primeiras intervenções, William contagiou Danilo, levando os polacos a aceitarem o convite para pressionar uma dupla inconsistente, a criar sucessivos problemas aos centrais. Em muitos casos, valeu a mobilidade de Rúben Dias e a serenidade de Pepe para evitar maiores danos.

Titular na baliza portuguesa, Beto começou por assumir algum protagonismo dispensável, sobretudo pela forma como abordou, com algum excesso de confiança, lances em que se impunham intervenções menos arriscadas. O guarda-redes do Trabzonspor acabou por compensar uma hesitação inicial com um par de intervenções que mantiveram Portugal intocável até final da primeira parte, voltando a estar sob os holofotes quando o árbitro ordenou a marcação da grande penalidade. Mas Beto nada podia fazer para travar o disparo do avançado Milik, que nem a ordem para repetir o penálti conseguiu perturbar. O substituto de Lewandowski cumpriu à risca o plano da selecção polaca, exclusivamente de posicionar-se no ranking.

Até final, mesmo com Portugal reduzido a dez, a Polónia só atacou pela certa. Para Fernando Santos era óbvio que os campeões europeus, apesar das entradas de João Mário, Bruma e Eder, dificilmente conseguiriam desposicionar um adversário decidido a não arriscar o ponto que ia garantindo. A Polónia esperava por Portugal e controlava a posse, roubando os espaços que ainda poderiam dar a Santos, enquanto seleccionador nacional, um novo recorde de pontos em jogos oficiais.

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