O alemão Manfred Weber é o candidato conservador à presidência da Comissão Europeia em 2019

Apesar de pertencer à maior família política no Parlamento Europeu, não é certo que o alemão venha a ser o sucessor de Jean-Claude Juncker.

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Manfred Weber KIMMO BRANDT/EPA

O eurodeputado alemão Manfred Weber foi eleito, por uma votação expressiva e sem surpresas, como cabeça-de-lista dos conservadores às eleições europeias de 26 de Maio de 2019. A decisão foi tomada no Congresso do PPE (Partido Popular Europeu), em Helsínquia.

Weber, actual líder do PPE, ficou a uma grande distância do seu rival, o antigo primeiro-ministro finlandês, Alexander Stubb, depois de obter 79,2% dos votos dos 700 delegados, em votação secreta.

Weber representa o establishment do PPE, que deverá ser a força mais votada nas eleições para o Parlamento Europeu, em Maio, e teve o apoio da chanceler alemã Angela Merkel, que disse mesmo que “o seu coração batia” pelo bávaro (cita o diário Frankfurter Allgemeine Zeitung), e da maioria dos actuais chefes de Estado e Governo do PPE e a maioria dos partidos nacionais.

Em Portugal, pertencem ao PPE o PSD e o PP. O líder do PSD, Rui Rio, votou em Weber; a líder do PP, Assunção Cristas, votou em Alexander Stubb ("para um país da dimensão de Portugal é bom que tenhamos nas instituições máximas também pessoas que venham de países de uma dimensão mais pequena ou média", argumentou).

Stubb fez uma campanha em que correu capitais europeias, participando em encontros e dando entrevistas. À revista grega Proto Thema, notou que a Alemanha é um país grande e poderoso e que ocupa já várias posições de relevo: “Três secretários-gerais da Comissão Europeia, Martin Selmayr [considerado um dos mais poderosos responsáveis em Bruxelas], Helga Schmid, e Klaus Welle”, assim como Klaus Regling, o presidente do Mecanismo de Estabilidade Europeu, Werner Hoyer, do Banco Europeu de Investimento, Klaus-Heiner Lehne, presidente do Tribunal Económico Europeu, “e muitos outros”.

Apesar disso, Merkel congratulou-se por ter alguém do seu partido na corrida a presidente da comissão – até hoje apenas uma vez o cargo foi ocupado por um alemão, Walter Hallstein, no final dos anos 1950, nota a agência Reuters – uma altura em que a organização europeia era muito diferente e o poder do cargo muito menor.

Weber assume-se como um “construtor de pontes”, algo para compensar a sua falta de experiência executiva. O seu profundo conhecimento das instituições europeias e do Parlamento, onde está há 14 anos, compensarão, por outro lado, o facto de ser pouco conhecido fora da instituição e da Alemanha.

O alemão deverá ter no holandês Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, o principal adversário – Timmermans representa o segundo maior grupo dentro do PE, o dos Socialistas e Democratas (S&D).

O grupo mais votado terá pelo menos a vantagem de tentar obter aprovação dos eurodeputados para o cargo de presidente da Comissão. A ideia dos Spitzenkandidat, como são conhecidos estes candidatos, para dar caras às listas e tentar inverter a tendência de participação decrescente nas eleições europeias foi posta em prática pela primeira vez em 2014. Mesmo depois da oposição de vários chefes de Governo, nas eleições anteriores, resultou na escolha de Jean-Claude Juncker, o cabeça-de-lista do PPE, que foi o grupo mais votado.

Desta vez, há de novo debate sobre o processo, e novamente oposição de figuras de peso como o Presidente francês, Emmanuel Macron (que preferia ter listas transnacionais para o Parlamento, uma das suas propostas de reforma da União Europeia que foi rejeitada pelo PE). Uma das razões é que o cabeça de lista garante a nomeação ao PPE, que é tradicionalmente o maior grupo.

A ministra francesa para a Europa, Nathalie Loiseau, atacou de imediato Weber, por ter apoiado Viktor Orbán, “apesar dos riscos de violação dos valores fundadores da União Europeia pela Hungria”.

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