Cavaco é um matóide, como diria Fialho de Almeida

Foi um dos políticos mais opacos de Portugal e invoca a transparência para fazer ataque ao carácter dos outros, nomeadamente a António Costa.

Cavaco gosta de falar com os seus botões como se nada mais existisse para além deles, em termos de contraditório. Sempre gostou de falar e agir como se fosse alguém que está acima dos outros. Tem de si uma ideia que lhe dá esse espelho da grandeza onde se olha.

Um homem que foi ao congresso do PSD à Figueira da Foz rasteirar João Salgueiro. Um homem que rasteirou Sócrates quando lhe prometeu cooperação estratégica.

Um homem tão fechado que tinha tabus. Tão taticista que precisava para mostrar grandeza de deixar o seu partido e o país à espera de saber se se candidataria a primeiro-ministro.

Um homem tão ao rés do chão que invoca não poder fazer esperar uns minutos o neto em dia de aniversário, abandonando a inauguração da Universidade Nova instantes antes do atual Presidente da República usar da palavra, tentando dar ideia da sua superioridade com este comportamento. Só nas dinastias e nem em todas.

Um homem tão sem sentido de Estado que se serve dos encontros com os primeiros-ministros para revelar o que pensa do carácter dos seus convidados, o que dá nota do seu íntimo, se o tem. Cavaco é pose.

Foi um dos políticos mais opacos de Portugal e invoca a transparência para fazer ataque ao carácter dos outros, nomeadamente a António Costa.

Como pode acusar Costa de taticista se ele recusou indigitá-lo como primeiro-ministro, sabendo que tinha maioria na AR? Como pode acusar Costa de aprender com Passos que… "uma excessiva preocupação em falar verdade não é um caminho para o sucesso…”  quando Passos nas eleições prometeu mundos e fundos e depois foi desenterrar o empobrecimento?

Apelida Costa de taticista, ele que prometeu várias vezes tudo o que não fez, só para se manter na política e nos mais altos cargos. Nestes anos de democracia Cavaco foi o que mais tempo ocupou cargos da mais alta responsabilidade, sendo responsável pelo estado do país.

E como pode acusar Costa de empurrar os problemas com a barriga, se não trabalhou com ele porque a sua ideologia o fez esbarrar na realidade. Em vez de ser Presidente da República foi líder do PSD.

O livro que acaba de publicar é um ajuste de contas. E tal como o anterior é um depósito de fel contra adversários.

Cavaco foi um primeiro-ministro tão taticista que desbaratou centenas de milhões de euros fundos comunitários e aconselhou a abandonar a agricultura e a marinha mercante, defendendo mais tarde a agricultura e o mar.

Acusa Costa de ser um político profissional, sabendo-se que se não fosse o grau de profissionalismo político de Cavaco ninguém saberia quem ele era. Nem o empregado do café.

É um matóide, como certamente diria Fialho de Almeida.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

   

    

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