PCP: “Percebe-se que Cavaco queira mostrar que existe.” BE chama-lhe “ressabiado”

Comunistas recordam ainda “a patética tentativa de manter com vida o Governo PSD-CDS que havia sido política e socialmente condenado nas eleições de 2015”.

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PCP garante “não se curvar” é aos objectivos defendidos por Cavaco Miguel Manso

O PCP já reagiu às declarações do antigo presidente da República Cavaco Silva, que revelou estar surpreendido com a facilidade com que bloquistas e comunistas “se curvaram” perante as imposições ditadas pelo ministro das Finanças. “Percebe-se que Cavaco Silva queira mostrar que existe”, começam por escrever os comunistas, acrescentando ainda que “o que Cavaco Silva não tolera nem se conforma é com o facto de o PCP não se curvar” perante os objectivos que perseguiu enquanto primeiro-ministro e Presidente.

Já para os bloquistas, Cavaco ataca o BE porque o partido tem agora mais força: “Esta menção explícita ao BE não é apenas por ser um homem ressabiado, com esse traço ácido perante a realidade que muda. Acho que é uma referência que Cavaco tenta fazer, porque hoje o BE tem mais poder. É um ataque político, porque hoje BE tem capacidade de influenciar as decisões”, diz o deputado José Manuel Pureza.

Na nota enviada pelo gabinete de imprensa do PCP, os comunistas escrevem ainda: “Percebe-se que Cavaco Silva queira mostrar que existe. O PCP afirma e afirmará o direito do país a um desenvolvimento soberano inseparável da libertação da submissão às imposições da União Europeia e ao euro.”

Os comunistas acrescentam também que “o que Cavaco Silva não tolera nem se conforma é com o facto de o PCP não se curvar aos seus objectivos, à sua obsessão de querer manter o país, os trabalhadores e o povo amarrados à marcha de exploração, empobrecimento e saque de recursos nacionais que, enquanto primeiro-ministro antes, e Presidente da República depois, sempre procurou garantir, como o revela a patética tentativa de manter com vida o Governo PSD-CDS que havia sido política e socialmente condenado nas eleições de 2015”, recordam ainda.

Em causa estão as declarações que Cavaco Silva fez na manhã desta sexta-feira à TSF. A propósito do lançamento do volume mais recente das suas memórias, Quinta-Feira e Outros Dias: Da Coligação à Geringonça, compara a atitude destes partidos de esquerda face à austeridade decretada nos tempos do Governo de Pedro Passos Coelho com aquela que manifestam agora com o Governo socialista: “Agora aceitam com toda a facilidade a imposição do ministro das Finanças – correctamente –  para respeitar aquilo que ele próprio procura impor no Eurogrupo aos outros países, nos mais variados domínios fiscais ou de despesas públicas.”

O “homem ressabiado”

A reacção do BE às palavras de Cavaco também não tardou: “Sempre que no plano económico e no plano social Cavaco quis recuar e sempre que o PS hesitou no caminho, o BE esteve do lado do avanço, ou seja, Cavaco recua, PS hesita e BE avança”, diz José Manuel Pureza, dando de seguida exemplos. “O PS queria congelar as pensões. Cavaco apoiaria certamente o programa do PSD, que era não de congelamento, mas de diminuição de pensões. E o BE conseguiu um aumento de pensões. O PS queria o despedimento conciliatório, Cavaco estaria certamente de acordo, deu vários sinais de que era precisar flexibilizar as relações laborais, o BE conseguiu vitórias para estabilidade das relações laborais”, enumera o deputado.

“Esta menção explícita ao BE não é apenas por ser um homem ressabiado, com esse traço ácido perante a realidade que muda. É uma referência que Cavaco tenta fazer, porque hoje o BE tem mais poder. É um ataque político, porque hoje o BE tem capacidade de influenciar as decisões.”

Em suma, diz o bloquista: “Não tem sido um caminho fácil, mas nesse caminho Cavaco tem estado de um lado e o BE do outro. O país tem estado melhor graças ao empenho do BE e Cavaco não gosta desse país melhor. Não gosta disso, é inimigo disso. O país avançou com o contributo do BE e o Cavaco está onde sempre esteve, contra esses avanços.”

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