Marcelo Rebelo de Sousa diz que hoje “há um Portugal diferente”

Um ano passado sobre os grandes incêndios na Região Centro, o Presidente da República assume ter ficado impressionado com a mobilização de todos na construção de um país que está a projectar o futuro.

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LUSA/NUNO ANDRÉ FERREIRA
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O povo de Portugal é excepcional e deixou de ser herói nos momentos difíceis para o ser todos os dias e “nos momentos muito difíceis”. A prova, atesta Marcelo Rebelo de Sousa, está “no ano que passou”.

O Presidente da República esteve dois dias em alguns dos concelhos do distrito de Viseu afectados pelos fogos de Outubro de 2017 para constatar que hoje há um “Portugal diferente”, que está a ser construído. Um ano depois das tragédias com os incêndios florestais que provocaram 110 mortos e centenas de casas e empresas destruídas, o chefe de Estado voltou ao Interior do país para comprovar que não há apenas reconstrução, mas projecção para o futuro. “E é neste Portugal que me revejo com muita honra”, disse nesta terça-feira.

“Às vezes perguntam-me o que é ou como é ser-se Presidente da República e eu digo que é ser-se alguém que é muito orgulhoso do povo que representa, porque este povo é realmente excepcional e o difícil é estar à altura deste povo”, expressou Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto inaugurava uma empresa em Tondela.

Recandidatura? O povo vai ser ouvido

E é também este o povo que diz que vai ouvir, mas só em meados de 2020, quando tiver de decidir se vai ou não recandidatar-se a mais um mandato. Em Lageosa do Dão (Tondela), foi assim que respondeu ao proprietário de uma farmácia que ardeu a 15 de Outubro e que lhe pediu para continuar a ser Presidente da República.

“Na altura em que tiver de decidir vou ouvir muita gente (…), depois o povo decidirá se fico ou não, pesará aqui esta opinião, eu não me vou esquecer”, prometeu, enquanto percorria o caminho entre a farmácia destruída e o novo edifício que está a ser erguido.

No dia anterior, em Oliveira de Frades, Marcelo Rebelo de Sousa tinha admitido não estar com saudades de ser comentador político, quando questionado sobre a remodelação governamental. Mas, esta terça-feira assinalou como “mais um peso político” a criação da Secretaria de Estado de Valorização do Interior.

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O Presidente da República durante visita a uma empresa destruída nos incêndios de 15 de Outubro de 2017, em Oliveira de Frades Nuno Andrade Ferreira/lusa

“Mais força à direita do que à esquerda”

Já sobre o Orçamento de Estado, e poucas horas depois de ele ter sido entregue na Assembleia da República, fez questão de frisar que se trata de um documento que tem uma “justiça social acrescida”, mas também contém medidas eleitoralistas, “como é inevitável”.

“É impossível deixar de acontecer, porque há uma sequência entre as europeias e as legislativas e é inevitável que os partidos todos estejam a pensar em eleições”, sustentou, não sem deixar o aviso, nomeadamente aos sociais-democratas, para que “não tenham nem congressos nem eleições internas durante este período e concentrem as suas campanhas a pensar nos actos eleitorais do ano que vem”. Declarações feitas logo pela manhã de terça-feira, em Vouzela, no Monte do Castelo, enquanto arrancava eucaliptos que nasceram após os incêndios. Uma iniciativa que lhe demonstrou que, afinal, “tem mais força à direita do que à esquerda”.

No final dos dois dias de visita, Marcelo Rebelo de Sousa concluiu que “se fez tudo, a todos os níveis”, para que não se repetissem as tragédias dos incêndios do ano passado, mas admitiu que ainda há “muito a fazer”. Disse estar impressionado com o que encontrou e deixou nova promessa: “Daqui a um ano, cá estarei, para verificar que este ritmo não abrandou, acelerou virado para o futuro.”

Diploma sobre tempo de serviço dos professores ainda não chegou

À margem da visita, Marcelo Rebelo de Sousa informou que ainda não recebeu do Governo o decreto-lei sobre a contagem de tempo de serviço dos professores e disse acreditar que tal não aconteça “tão depressa”. “Ainda é preciso ouvir as regiões autónomas dos Açores e da Madeira e, portanto, isso significa que, provavelmente, não será nos próximos dias ou semanas que irei receber o diploma”, disse.

Os sindicatos pediram a Marcelo Rebelo de Sousa que vete o decreto-lei, por entenderem que "está ferido de ilegalidades e inconstitucionalidades".

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