Sauditas prometem resposta dura a retaliações por morte de crítico do regime

Alemanha, Reino Unido e França exigem respostas sobre o que aconteceu a jornalista desaparecido no consulado saudita em Istambul e que terá sido assassinado no local.

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Jornalista entrou no dia 2 no consulado saudita em Istambul e nunca mais foi visto LUSA/SEDAT SUNA

O regime saudita, sob fortes suspeitas de ter ordenado e levado a cabo a morte de um jornalista crítico do príncipe herdeiro, desaparecido após uma visita ao consulado do país em Istambul, rejeita “ameaças” políticas e económicas e garante que responderá a qualquer punição “com uma acção ainda maior”.

Um coro de vozes levantou-se para exigir saber o que se passou a 2 de Outubro, quando o jornalista Jamal Khashoggi entrou no consulado saudita em Istambul para tratar de burocracias para o seu casamento. Lá fora ficou a noiva, que esperou onze horas e nunca o viu sair. Agentes turcos disseram sob anonimato ter gravações da tortura e assassínio de Khashoggi e o Presidente turco já desafiou Riad a apresentar provas de que o jornalista saiu do consulado.

Ainda este domingo Reino Unido, França e Alemanha pediram uma investigação credível ao acontecido, numa altura em que uma equipa saudita se juntou aos investigadores turcos no terreno. “Encorajamos os esforços sauditas e turcos, e esperamos que o Governo saudita dê uma resposta completa e detalhada”, lê-se no comunicado dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos três países. “É preciso uma investigação credível para estabelecer a verdade sobre o que se passou e, se for relevante, identificar os que têm responsabilidade pelo desaparecimento de Jamal Khashoggi, e assegurar que são responsabilizados”.

Enquanto isso, espera-se para ver se há mais desistências de participação numa conferência de desenvolvimento promovida pela Arábia Saudita, depois de ter perdido quase todos os parceiros de media e entidades como o Banco Mundial. Mas depois de ter sido posta em causa, a participação dos Estados Unidos parece estar assegurada. A presença do Reino Unido ainda está em dúvida.

Nos EUA, o Washington Post, onde Khashoggi escrevia, lançou uma campanha para que o assunto não seja esquecido. O Presidente norte-americano, Donald Trump, declarou que a questão é “grave”, disse que ia telefonar ao rei saudita mas ainda não o fez, e não pôs em causa contratos ou investimentos. O senador Marco Rubio já disse que se for confirmado o crime e o Presidente não fizer nada “o Congresso fará”.

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