Um prémio que continua afastado das mulheres
FMI, OCDE e Banco Mundial têm mulheres como economistas-chefe. Mas no prémio Nobel os homens ainda dominam.
Mesmo num momento em que se assiste, em diversas instituições internacionais, a uma ascensão a lugares de topo de mulheres economistas, o prémio da Economia manteve intacto dentro da marca Nobel o seu estatuto de menos diverso em termos de género. Entre os 81 vencedores declarados desde 1969, o ano de criação do prémio, 80 são homens e uma é mulher. A única vencedora foi a norte-americana Elinor Ostrom que recebeu o Nobel em 2009 pela sua “análise da governação económica”. No resto dos prémios Nobel, as mulheres estão também em clara minoria, mas em nenhuma outra categoria a diferença é tão grande.
Nos últimos anos, ao contrário do que havia no passado, o número de candidatas a vencer a principal distinção da ciência económica já é considerável e na edição deste ano vários nomes estavam na lista das principais apostas.
Um nome há já vários anos referido é o de Anne Osborn Krueger. A economista norte-americana é conhecida pelo termo “rent-seeking” que descreve a forma como algumas empresas tentam beneficiar de cenários políticos e sociais favoráveis a obter rendas, sem criar nova riqueza.
Outro dos nomes mais vezes mencionado é o da franco-americana Esther Duflo. Esta economista já ganhou vários dos principais prémios que um economista pode receber para além do Nobel e o seu trabalho na área do desenvolvimento e das políticas anti-pobreza tem ganho uma grande notoriedade. O facto de ter 45 anos (uma jovem quando comparada com outros vencedores) retira-lhe possibilidades de vitória nos próximos tempos, um dos problemas da nova geração de mulheres economistas.
Janet Currie, especialista na Economia da Saúde, e Claudia Goldin, que tem estudado os diferenciais salariais entre homens e mulheres também aparecem como potenciais futuras vencedoras do Nobel.
A desilusão de mais uma vez não haver uma vencedora do Prémio Nobel este ano é no entanto compensada pelo facto de, na vertente de aplicação mais práticas das teorias económicas a nível internacional, este ano estar a ser histórico no que diz respeito à participação das mulheres.
Com a nomeação de Gita Gopinath para substituir Maurice Obstfeld como economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, três grandes instituições internacionais – o FMI, o Banco Mundial e a Organização para a Cooperação Económica – passaram a ter mulheres no principal cargo de análise económica e de recomendação de políticas.
Em Abril, Pinelopi Koujianou passou a ocupar o lugar (que tinha sido do agora prémio Nobel Paul Romer) de economista-chefe do Banco Mundial. E em Maio, Laurence Boone foi escolhida para o mesmo cargo na OCDE.
No caso do FMI, que tem o hábito de escolher alguns dos mais conceituados economistas para ocupar esta posição, como Olivier Blanchard ou Kenneth Rogoff, a escolha da economista norte-americana, natural da Índia, marca a primeira vez que a instituição, que até é liderada por uma mulher (Christine Lagarde), tem uma economista chefe do sexo feminino.