Um prémio que continua afastado das mulheres

FMI, OCDE e Banco Mundial têm mulheres como economistas-chefe. Mas no prémio Nobel os homens ainda dominam.

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Apesar dos altos cargos assumidos por mulheres em instituições mundiais de políticas económicas, em 49 anos só um Nobel de economia foi feminino. Na foto Paulo Romer, um dos vencedores deste ano LUSA/JASON SZENES

Mesmo num momento em que se assiste, em diversas instituições internacionais, a uma ascensão a lugares de topo de mulheres economistas, o prémio da Economia manteve intacto dentro da marca Nobel o seu estatuto de menos diverso em termos de género. Entre os 81 vencedores declarados desde 1969, o ano de criação do prémio, 80 são homens e uma é mulher. A única vencedora foi a norte-americana Elinor Ostrom que recebeu o Nobel em 2009 pela sua “análise da governação económica”. No resto dos prémios Nobel, as mulheres estão também em clara minoria, mas em nenhuma outra categoria a diferença é tão grande.

Nos últimos anos, ao contrário do que havia no passado, o número de candidatas a vencer a principal distinção da ciência económica já é considerável e na edição deste ano vários nomes estavam na lista das principais apostas.

Um nome há já vários anos referido é o de Anne Osborn Krueger. A economista norte-americana é conhecida pelo termo “rent-seeking” que descreve a forma como algumas empresas tentam beneficiar de cenários políticos e sociais favoráveis a obter rendas, sem criar nova riqueza.

Outro dos nomes mais vezes mencionado é o da franco-americana Esther Duflo. Esta economista já ganhou vários dos principais prémios que um economista pode receber para além do Nobel e o seu trabalho na área do desenvolvimento e das políticas anti-pobreza tem ganho uma grande notoriedade. O facto de ter 45 anos (uma jovem quando comparada com outros vencedores) retira-lhe possibilidades de vitória nos próximos tempos, um dos problemas da nova geração de mulheres economistas.

Janet Currie, especialista na Economia da Saúde, e Claudia Goldin, que tem estudado os diferenciais salariais entre homens e mulheres também aparecem como potenciais futuras vencedoras do Nobel.

A desilusão de mais uma vez não haver uma vencedora do Prémio Nobel este ano é no entanto compensada pelo facto de, na vertente de aplicação mais práticas das teorias económicas a nível internacional, este ano estar a ser histórico no que diz respeito à participação das mulheres.

Com a nomeação de Gita Gopinath para substituir Maurice Obstfeld como economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, três grandes instituições internacionais – o FMI, o Banco Mundial e a Organização para a Cooperação Económica – passaram a ter mulheres no principal cargo de análise económica e de recomendação de políticas.

Em Abril, Pinelopi Koujianou passou a ocupar o lugar (que tinha sido do agora prémio Nobel Paul Romer) de economista-chefe do Banco Mundial. E em Maio, Laurence Boone foi escolhida para o mesmo cargo na OCDE.

No caso do FMI, que tem o hábito de escolher alguns dos mais conceituados economistas para ocupar esta posição, como Olivier Blanchard ou Kenneth Rogoff, a escolha da economista norte-americana, natural da Índia, marca a primeira vez que a instituição, que até é liderada por uma mulher (Christine Lagarde), tem uma economista chefe do sexo feminino.

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