Mulher de Netanyahu no banco dos réus por gastar milhares do erário público em restaurantes de luxo
Sara, a mulher do primeiro-ministro israelita, é acusada de ter gasto o equivalente a 86 mil euros de dinheiro público em refeições que encomendou a restaurantes para a residência oficial. Ela nega e diz que foi um funcionário que fez os pedidos, apesar dos seus protestos.
Sara Netanyahu, mulher do primeiro-ministro israelita, compareceu este domingo em tribunal para a primeira sessão do julgamento onde responde pelos crimes de desvio de fundos públicos em encomendas a restaurantes de luxo.
De acordo com a acusação, Sara Netanyahu e um funcionário do Governo conseguiram, de forma fraudulenta, que o Estado pagasse refeições servidas na residência oficial do primeiro-ministro pedidas a restaurantes no valor de cem mil dólares (86 mil euros), em violação das leis que proíbem essas compras quando existe um cozinheiro contratado para as confeccionar.
Sara Netanyahu, de 59 anos, foi acusada em Junho por fraude e quebra de confiança e de um crime agravado uma vez que é suspeita de ter falsificado o valor de facturas. Se for condenada, enfrenta uma pena de prisão que vai até cinco anos.
Sentada no banco dos réus, e perante uma sala de tribunal apinhada, Sara Netanyahu disse aos advogados de acusação:
- "Podemos pedir para apontarem as câmaras para outro lado?".
- "Não é nada a que não esteja habituada", responderam-lhe.
- "Mas não desta maneira", disse a ré.
O juiz marcou uma reunião entre a acusação e a defesa para 13 de Novembro, pedindo a ambas as partes para resolverem as suas diferença ou mesmo para "resolverem o caso".
Porém, um acordo não parece ser possível. A acusação quer que a mulher do primeiro-ministro se declarar culpada, o que a defesa já disse que não acontecerá. Na primeira sessão, não foi pedido a Sara Netanyahu para se declarar culpada ou inocente.
Os advogados de defesa argumentam que não foi quebrada qualquer regra pois foi um funcionário quem pediu as refeições, apesar dos protestos de Sara Netanyahu.
O primeiro-ministro, também a braços com acusações de corrupção, disse que as acusações contra a mulher - que os media retratam há anos como uma pessoa imperiosa - são absurdas e infundadas.
Em 2017 o casal ganhou um processo contra um jornalista israelita que disse que Sara expulsou o marido do carro durante uma discussão. Em 2016, um tribunal de trabalho de Jerusalém determinou ser verdade que Sara Netanyahu insultou um funcionário da residência oficial.
Até ao momento, os problemas legais de Sara Netanyahu não prejudicaram politicamente o marido, que está no seu quarto mandato e que está na frente das sondagens apesar das acusações de corrupção.
As declarações do primeiro-ministro, que diz que os media têm uma operação montada para o descredibilizar e que tudo não passa de uma caça às bruxas, têm tido eco favorável junto da sua base de apoio mais à direita, que se tem manifestado a favor do primeiro-ministro de 68 anos.